Quase não há dias sem algum lugar onde ver concertos, performances, cinema ou tudo junto.
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Os meses de agosto e setembro vão decorrer entre palcos, com os quatro grandes festivais que ainda estão por acontecer - Sudoeste, Paredes de Coura, Vilar de Mouros e o novíssimo Kalorama, em Lisboa - a surgirem como cabeças de um cartaz onde cabem muito mais eventos.
Desde os que começam ainda nesta cauda de julho até ao Festival para Gente Sentada, em Braga, que remata esta temporada estival, no primeiro dia de outubro, há festivais para todos os gostos e carteiras. Os preços começam na reconfortante entrada livre e vão até ao passe diário de 145 euros do Meo Kalorama, que acontece este ano, pela primeira vez, no Parque da Bela Vista, em Lisboa - e que é o mais caro dos festivais de verão da "Primeira Liga".
A lista que o JN aqui apresenta, a pecar, será por carência - no cruzamento e consulta de agendas realizados, poderá ter ficado algum microevento por apurar. Porém, feitas as contas na suposição de um muito razoável intervalo de confiança, podemos contar que, em 61 dias disponíveis para viver em agosto e setembro, teremos 50 deles preenchidos com algum festival, em algum lugar de Portugal. Há, até, muitos dias com festivais sobrepostos (ler lista ao lado).
A música é predominante na oferta artística, mas há uma oferta de cinema - do Festival de Documentários de Melgaço (que arranca já amanhã), ao Motel X - Festival de Cinema de Terror (6 a 12 de setembro) e ao Queer (16 a 24 de setembro), ambos em Lisboa. Há ainda artes performativas e exposições, e eventos que combinam tudo isto em intervenções muito ligadas ao usufruto e celebração do território.
regresso ansiado
Nesta agenda onde (quase) todos os dias são dias de festival, há espetáculos para um grande espetro de gostos e paixões. Os concertos da agenda global das grandes produções partilham o tempo de agosto e setembro com alguns festivais que, com o tempo, também foram crescendo, como é exemplo O Sol da Caparica, em Almada.
Nos cinco dias do festival que se realiza no Parque Urbano da Costa da Caparica, a organização espera acolher 25 mil pessoas por dia, disse ao JN o diretor executivo do Grupo Chiado, promotor do evento, Zair Assonali. Clã, Calema, Wet Bed Gang, The Legendary Tiger Man e Syro são alguns dos nomes do primeiro dia.
Nos restantes quatro dias de um cartaz muito preenchido e eclético, que se distribui por dois palcos, atuam ainda Richie Campbell, Mão Morta, Sam the Kid, Diogo Piçarra, Cuca Roseta, António Zambujo Mafalda Veiga, Kevinho, José Cid e Bárbara Bandeira.
Entre estes artistas, há vários que estarão também em alguns outros festivais. A vontade dos artistas, do público e dos promotores em regressar à estrada, ao cabo de dois anos de pandemia e palcos desmontados, é grande, admite Assonali.
"Temos muita ansiedade por começar e a nossa expectativa é grande. Temos um cartaz fantástico, num festival que é um hino à música lusófona, num espaço em frente ao mar, com uma brisa de frescura e todas as condições", sublinha.
a alegria do sonic blast
Há viagens pela lusofonia, outras pelas sonoridades do jazz ou da música clássica, ou ainda da estética tradicional com roupagens contemporâneas, ou ainda pelo espetro do rock e do heavy metal. No caso do festival Sonic Blast, de rock "stoner" e psicadélico, a alegria em regressar percebe-se na voz de Ricardo Rios, da organização.
Da mítica vila de Moledo, de olhos na Galiza, o festival deu o salto para a vizinha Vila Praia de Âncora, onde celebra a 10.ª edição. Os dois anos de paragem foram "muito tristes e bastante complicados, mas já passou e temos que pensar no futuro", declarou Ricardo Rios ao JN.
A venda de bilhetes começou mais cedo e está a correr bem, com os passes gerais quase esgotados e último dia - com a banda Orange Goblin como cabeça de cartaz - também já tem poucos ingressos disponíveis.
A grande novidade é o novo lugar, na praia das Duna dos Caldeirões, entre o mar e o rio Âncora, com um parque de campismo na mata, incluído no preço do passe geral de 65 euros.
"Vai ser uma grande festa, com algumas bandas que nunca passaram por Portugal, como Witch ou Electric Wizard", referiu Ricardo Rios. Entre os cabeças de cartaz, contam-se os veteranos W.I.T.C.H (We Intend To Cause Havoc), banda da Zâmbia no ativo desde os anos de 1970.
35 mil em Cem Soldos
Noutra frequência temática, mas com idêntico empolgamento em regressar, encontramos Miguel Atalaia, da organização do festival Bons Sons. Com um evento que funde a música com uma vivência na pequena aldeia de Cem Soldos, os promotores aproveitaram o intervalo de dois anos para refletir e fazer evoluir a 11.ª edição.
Um manifesto apresentado em 2019 pode assim, com este tempo inesperado, concretizar-se - a ideia de envolver mais a comunidade no corpo dos acontecimentos. "Alguns concertos passaram para o chão da rua, depois de acabar o Palco Amália. Vamos tentar ter uma aproximação mais direta entre o que é público e artista, esbatendo-se algumas diferenças para que haja um momento de maior comunhão", declarou Miguel Atalaia.
No cartaz, algumas grandes figuras da música portuguesa como Rui Reininho, Lena D"Água e Aldina Duarte convivem com outra geração e com nomes emergentes (Rita Vian, Marta Ren, a Garota Não) e grupos de música popular, como as Cantadeiras do Vale do Neiva. Com um novo espaço dedicado a histórias para os mais novos, este festival que tem um grande programa para famílias, espera cerca de 35 mil pessoas.
Os grandes
Kalorama entra diretamente na 1.ª Liga dos festivais
Este ano, há um novo festival no grupo que se pode considerar a Primeira Liga destes eventos, que também tem a marca Meo como "naming sponsor": o Meo Kalorama, no Parque da Bela Vista, em Lisboa, entre 1 e 3 de setembro, com um cartaz encabeçado por nomes muito sonantes: Kraftwerk, James Blake, Chemical Brothers, Artic Monkeys e Nick Cave & The Bad Seeds (foto). No elenco que fala português, há Rodrigo Leão, The Legendary Tigerman ou Ornatos Violeta. O preço do passe diário é de 145 euros; o bilhete diário fica por 61 euros.
O primeiro festival dos grandes a acontecer em agosto é, porém, o Meo Sudoeste (2 a 6 agosto; 110 euros passe geral e 35 a 45 euros o bilhete diário). No cartaz, estão Major Lazer, Steve Aoki, Lewis Capaldi, Ckay, Rex Orange County e Timmy Trumpet. Já no Vodafone Paredes de Coura (16 a 20 de agosto; passe geral a 120 euros, diário a 55 euros), estarão em palco Pixies, Beach House, Viagra Boys, Yves Tumor, Idles e Indigo de Souza, entre muitos outros. No EDP Vilar de Mouros (25 a 27 de agosto; passe geral a 85,90 euros, bilhete diário a 42, 95 euros ) é oportunidade para ver em palco Iggy Pop, Suede, Bauhaus ou Placebo.
Dois meses festivaleiros
Agosto
Jazz em agosto
30 julho a 7 de agosto - Lisboa
Porto Pianofest
1 a 9 - Porto
Meo Sudoeste
3 a 6 - Zambujeira do Mar
Mdoc Melgaço
1 a 7 - Melgaço
Hard Club Fest
6 - Mangualde
No Noise
6 - Porto
Fradidanças
4 a 7 - Carvalhais, S. Pedro do Sul
Neopop
10 - 13 - Viana do Castelo
O Sol da Caparica
11 a 15 - Almada
Byonritmos
10 a 12 - Baião
Sonic Blast
11 - 13 - Vila Praia de Âncora
Bons Sons
12 a 15 - Cem Soldos, Tomar
Vodafone Paredes de Coura
16 a 20 - Paredes de Coura
Andanças
18 a 21 - Reguengos de Monsaraz
Festins
18 a 20 - Alcains, Castelo Branco
Maré de Agosto
18 a 21 - Santa Maria, Açores
Festival do Crato
23 a 27 - Crato
Azores Burning Summer
24 a 27 - Porto Formoso, S. Miguel
Zigur Fest
24 a 27 - Lamego
Extramuralhas
26 a 28 - Leiria
Setembro
Meo Kalorama
1 a 3 - Lisboa
Festival F
1 a 3 - Faro
Festa do Avante!
2 a 4 - Seixal
Motel X
6 a 12 - Lisboa
Jardim Sonoro
9 a 11 - Lisboa
Festival das Marés
11 a 13 - Ponta Delgada, Açores
Vidigueira Jovem
9 e 10 - Vidigueira
Iminente
22 a 25 - Lisboa
Santa Casa Alfama
23 e 24 - Lisboa
Mimo Festival Porto
23 a 25 - Porto
Festival para Gente Sentada
30 Set a 1 Out - Braga