Inês Norton para lá da linearidade do tempo

Na última década e meia, sensivelmente, temos assistido a uma abundância de artistas plásticos e visuais contemporâneos que recuperam tecnologias como a cerâmica, o vidro ou o têxtil, tradicionalmente, no campo da História da Arte, consideradas entre as práticas do artesanato ou das artes decorativas, e as integram nas suas produções multidisciplinares, numa espécie de regresso à manualidade que também poderá refletir uma espécie de cansaço do excesso de digitalização e de tecnologia dos nossos dias.

A tendência verifica-se de forma global, sendo particularmente relevante em contexto ocidental e protagonizada, na sua maioria, por artistas mulheres, como se aquilo que eram saberes do foro doméstico e da castração da casa, voltassem como memórias e heranças que ficam, mas para o exercício da catarse e da afirmação do feminino no panorama da produção artística e cultural contemporânea, com uma inscrição na História tão patriarcal e desigual.