Aos 81 anos, o baterista John Steel continua a correr mundo com os lendários The Animals. Depois de uma digressão na Austrália, a banda passou nesta quinta-feira pelo Nova Arcada Braga Blues e prepara-se para voltar a Portugal a 10 de dezembro para um concerto no Coimbra em Blues, no Teatro Gil Vicente.
Corpo do artigo
Numa rara entrevista aos meios de comunicação social portugueses, concedida por email horas antes de aterrar em Portugal, o único membro original da banda criada em Newcastle há quase 60 anos reforçou o compromisso de manter aceso o legado do grupo que inspirou artistas como Bruce Springsteen. "Continuamos a tocar o reportório da banda com amor e energia genuínos", assevera.
Detentor dos direitos de utilização do nome da banda, John Steel lamentou o conflito que o opôs ao vocalista Eric Burdon e diz que tudo poderia ter sido resolvido com "uma refeição e uma garrafa de vinho":
É o único membro original dos Animals. Como procura manter a essência da banda e o seu espírito junto dos seus fãs mas também dos músicos com quem toca?
Apenas toco da forma de que gosto. Tenho é a sorte de trabalhar com músicos talentosos.
Os Animals atravessaram a maior parte da sua vida. São mais do que uma banda, para si?
Diria que é um estilo de vida.
Depois de Braga, segue-se Coimbra. O que podem esperar os vossos fãs portugueses desse concerto?
Os fãs verão e ouvirão uma excelente banda ao vivo tocando o reportório dos Animals com amor e energia genuínos.
Não só continua a tocar como faz digressões entre continentes, o que é muito raro aos 81 anos. Onde vai buscar a energia?
Não sei de onde vem, mas sinto-se um homem de muita sorte.
O narrador de "The house of the rising sun" diz que só está satisfeito a beber. No seu caso, é a tocar bateria?
Seria engraçado trocar a letra para ficar dessa maneira. Acho que podemos tentar isso, sem dúvida.
Ao fim de tantos anos a tocar o reportório dos Animals, como se evita a rotina e a repetição?
As músicas de sucesso sempre são boas de tocar e temos muitas faixas de álbuns e lados B para escolher de forma a manter as coisas frescas.
Quem assiste aos concertos dos Animals hoje: fãs de longa data ou mais novos?
Temos os dois e é sempre bom ver os jovens fãs a apreciar os concertos.
Qual é para si o verdadeiro llegado musical dos Animals?
Nós gostamos, o público gosta, todo mundo ganha.
Bruce Springsteen já confessou que os Animals foram uma das bandas que mais o influenciaram. Deteta noutros artistas e bandas dos nossos dias algumas influências do vosso som?
Não sei, mas achei muito generoso da parte do Sr. Springsteen fazer tal elogio. Ele não precisava.
As notícias da morte do rock'n'roll são manifestamente exageradas?
O rock'n'roll nunca morrerá.
Como planeiam comemorar os 60 anos da banda, que se assinalam no próximo ano?
Não tinha pensado nisso, boa pergunta.
Que sentimentos tomam conta de si quando se lembra dos tempos iniciais quando tocava no Club a Go Go em Newcastle?
Boas lembranças, acima de tudo. Adorei aquele lugar.
Quais as principais diferenças que encontra entre o meio artístico desse tempo e os atuais?
Não faço grande esforço para acompanhar as coisas. Apenas me concentro no que faço de melhor.
Como membro fundador da banda, as disputas legais em torno da utilização do nome Animals não o entristecem?
Sim, entristecem. Poderia ter sido resolvido com uma refeição e uma garrafa de vinho na minha opinião.
As relações com Eric Burdon ficaram mesmo irremediavelmente estragadas ou será possível ver-vos juntos de novo em palco um dia?
Acho que sim e não, acho que não...