Jorge Palma revisita 50 anos de carreira numa série de seis espetáculos.
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Até 19 de novembro, Jorge Palma revisita a sua discografia em seis concertos de "Antologia", que marcam 50 anos de carreira. Cumpridos os primeiros espetáculos, seguem-se três no Teatro Tivoli e um final no Capitólio, Lisboa. Ao JN, o músico destaca "o gozo genuíno" que esta revisitação suscita e diz-se "surpreendido" com a memória.
Agora que os primeiros concertos já aconteceram, como estão os seus índices de ansiedade?
Continuamos a ensaiar bastante. No primeiro, no Palácio Baldaia, estive quase duas horas em palco, com o piano. Foi memorável. Agora tenho o apoio da banda e estamos entusiasmados. Vai haver temas a solo em piano ou guitarra, mas a maioria vai ser com a banda.
Que margem existe para o improviso em concertos preparados de forma tão meticulosa?
Gosto desde sempre do improviso. Talvez por ter a paixão do jazz. Naturalmente, tem de haver estrutura para cada música, mas há espaço para solos. Gosto que os músicos deem azo à criatividade.
Cada concerto corresponde a uma fase da carreira. Musicalmente, qual é a mais exigente?
Estão todas no mesmo patamar. Todas têm momentos que requerem um nível maior de técnica.
É preciso um artista estar muito confortável com todas as fases da sua carreira para fazer uma revisitação desta natureza?
Logo desde os primeiros tempos, sempre gravei só o que quis gravar. Claro que há canções ou arranjos datados, mas por isso é que estamos a revisitá-los com o som atual. Hoje, toco temas de forma diferente. O modo de interpretar mudou e a minha voz está mais rodada.
Admite transformar esta "Antologia" num projeto itinerante?
Estou prestes a concluir um disco de originais e os concertos de 2023 serão baseados no novo disco. De qualquer forma, o meu grupo vai ficar com um repertório enorme. São dezenas de canções que passam a saber interpretar e algumas delas nem sequer as conheciam.
Em paralelo a esta série de concertos, continua a fazer a sua digressão habitual. É-lhe fácil transitar de um formato para outro?
Não há grande dificuldade. O material está rodado há muito e os músicos conhecem-no muito bem.
Como tem sido o regresso a temas compostos há 50 anos?
Está a dar-me um gozo genuíno. Tenho reavivado a memória do que me estava a acontecer quando gravei... Lembro-me do fundamental sobre o que vivi nessa altura. A minha memória surpreende-me. Há 50 anos não tinha a perícia a escrever que hoje tenho. Foi o que mais evoluiu. Agora tenho mais bagagem. Li muito, viajei, assisti a peças de teatro e vi muitos filmes.