Com 50 anos de estrada, Jorge Palma e José Cid protagonizam esta sexta-feira à noite dois concertos no Porto e em Gaia.
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Dois pioneiros da música portuguesa, Jorge Palma e José Cid, atuam esta sexta-feira à noite com uma hora de diferença, um de cada lado do rio Douro: o autor de "Bairro do Amor", nas "Noites do Palácio", no jardim do Palácio de Cristal, no Porto (21h); o intérprete de "Anita", nas "Noites de Verão", no Estádio da Lavandeira, em Gaia (22h). Ambos levam 50 anos de estrada, de carisma e de reinvenção musical. A qual destes concertos vai querer assistir?
Jorge Palma tem 70 anos e meio século de carreira, mas a sua história não se faz de números. Lavou elevadores, mudou camas em hotéis, tocou nas ruas de Paris, desafiou "a morte de uma forma completamente louca", confessou ao "Observador". No ano a seguir à Revolução dos Cravos lançou o primeiro álbum, "Com uma viagem na palma da mão". Dois anos mais tarde, participou no primeiro Festival da Canção pós-25 de Abril e partilhou o segundo LP "Te já". Foi uma época sem restrições definida pelo lema "sex, drugs & rock" n" roll".
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Do outro lado, José Cid, 78 anos e energia para concertos que chegam a durar mais de duas horas. Aprendeu a tocar piano com o avô, aos 15 anos entrou na banda de covers Os Babies. Enquanto cumpria o serviço militar juntou-se ao Quarteto 1111, em que era compositor, teclista e cantor. O coletivo alcançou sucesso, em 1967, com o tema "A lenda de el-rei D. Sebastião" e abriu as portas para o panorama do rock em Portugal com um disco homónimo. Lançou depois o álbum "A lenda dos Quarteto 1111", que inclui o tema "Todo o mundo e ninguém" usado em 2017 como sample pelo rapper norte-americano Jay-Z.
Discos originais em 2020
Alguns dos temas mais emblemáticos de Palma - "Deixa-me rir", "Frágil ou "Estrela do mar" - encontram-se na coletânea "Só" (1991), considerado um dos álbuns mais importantes da música portuguesa.
"Voo noturno" marca o ano de 2007. O álbum, que inclui o hino "Encosta-te a mim", atinge rapidamente o disco de ouro. O compositor, que tem percorrido o país no "Expresso do outono", não partilha temas originais desde o último LP "Com todo o respeito" (2011). Contudo, no final do ano passado anunciou um disco original para este ano.
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Um dos maiores êxitos da música pop portuguesa pertence a José Cid. No início da década de 70, o single "20 anos" vendeu mais de 100 mil cópias. Seguiu-se "10 000 anos depois entre Vénus e Marte", um trabalho que o compositor define como "mítico". Então desvalorizado pela editora, pertence hoje à lista dos 100 melhores álbuns de rock sinfónico da revista "Billboard".
Os anos 1980 ficaram marcados pelas baladas "Na cabana junto à praia", "Cai neve em Nova Iorque" ou "Um grande grande amor". Este último tema garantiu-lhe o primeiro lugar do Festival da Canção em 1980.
No ano passado, o ícone do pop-rock português - "Não sou uma celebridade, sou um mito", disse, em 2014, ao "Sol" - recebeu o Grammy Latino por Excelência Musical. José Cid também tem novo álbum anunciado: será o seu regresso ao rock sinfónico, com "Vozes do além".