Protagonista de "Vicente Deve Morrer" considera que o filme se "inscreve muito bem na realidade europeia" e elogia o trabalho do realizador, Stephan Castang.
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Uma das grandes esperanças, ou mesmo já uma das certezas, do cinema francês, Karim Leklou é o pobre protagonista de “Vicente Deve Morrer”. Ao JN, não parou de elogiar o seu realizador e o método de trabalho que trouxe para este filme. “O Stephan é um grande realizador. A visão que tem, a delicadeza da sua escrita. Todas as camadas de leitura que ele trouxe para a história. E é alguém muito colaborativo. Trabalhámos imenso, ele é um trabalhador incansável. É alguém capaz de construir qualquer coisa de muito profundo, mas sem nenhuma dor de cabeça em especial. Achei a mistura ideal, foi uma das rodagens mais belas e agradáveis em que já estive no cinema, porque todos sentimos estar a construir algo em comum.”
O ator explicou-nos de seguida como tinha chegado a este projeto. “Já tinha recebido uma primeira versão do guião há algum tempo, mas depois não se passou nada. Quando recebi a versão final fiquei completamente seduzido. Quando o encontrei pela primeira vez ele já tinha uma ideia muito concreta do que queria que o seu filme fosse. Eu tinha algumas questões em relação ao guião, mas foi sempre muito agradável trabalhar com ele de forma colaborativa desde o princípio. É sempre bom encontrar alguém que sente desta forma o que faz. Depois juntou-se-nos a Vimala Pons, que interpreta a Margaux e fiquei convencido em definitivo. É uma grande atriz e tivemos imenso prazer em trabalhar juntos.”
Sobre a construção da personagem, Karim Leklou revelou o método utilizado. “Gostei muito de trabalhar o corpo, sem uma abordagem demasiado psicológica. Trabalhei com um behaviorista, passeávamos juntos, íamos para os copos. Foi uma maneira simples e concentrada de chegar ao essencial do que se queria.”
A personagem de Vincent tem algumas semelhanças com a que o ator interpretou em “Filhos de Ramsés”. Karim Leklou concorda. “São duas personagens que vivem num mundo que não está muito bem. São retratos de uma época um pouco perturbadora. São personagens que necessitam de escapar. Estou muito contente, foram duas rodagens muito agradáveis, agradeço imenso a ambos os realizadores. Finalmente, o ator fala-nos um pouco sobre a situação do cinema francês, segundo o seu ponto de vista.
“Cinema francês é uma expressão que engloba muita coisa diferente e que por vezes não vai muito bem. Mas estou muito contente por ter feito este filme, representa o contributo de muitas pessoas e estou muito satisfeito com o objeto final. É um filme audacioso, mas que se inscreve muito bem na realidade europeia, não copia modelos americanos, mesmo que tenha algumas referências. É um filme que não está polido, que se permitiu muitas coisas. Sinto-me muito honrado por ter tido a possibilidade de ter este projeto nas minhas mãos” .