<p>José Saramago apresentou, ontem à noite, domingo, em Penafiel, o seu novo livro ,"Caim", uma abordagem pessoal e crítica de um episódio bíblico. </p>
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O lançamento mundial do livro, que já tem várias edições estrangeiras, encerrou o evento cultural "Escritaria2009" na cidade penafidelense.
Perante uma sala a rebentar pelas costuras, no Museu de Penafiel, Saramago falou de "Caim", tecendo considerações críticas à Bíblia. "Se a Bíblia está cheia de horrores e violências, carnificinas, como é que muitas dessas pessoas simples de espírito aceitaram ter em casa um livro que deve estar cuidadosamente escondido das mãos de uma criança?", interrogou-se o escritor.
"Pela primeira vez, fui forçado a escrever páginas eróticas que nunca me tinha passado pela cabeça que alguma vez escreveria; é a pura luxúria daqueles dois (Caim e Lili)", disse Saramago, referindo-se a um dos episódios do livro.
Tal como "Viagem do Elefante", a primeira frase de "Caim" é uma tirada irónica, notou. "A partir desse momento, o caminho do livro está traçado e a ironia e o humor passam a ser inseparáveis neste livro".
"O autor do livro não tem contas a ajustar com Deus", disse, afirmando: "O bem e o mal, está tudo na cabeça humana". "Não invento nada, permito-me pôr à vista o que está escondido por baixo e levanto uma pedra para que o leitor veja o que está por baixo", rematou o Nobel da literatura.