“Sentir que no sabes” é o novo e camaleónico álbum da jovem artista guatemalteca.
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Sentir que não se sabe pode ser visto, pela maioria, como uma fragilidade - algo a temer. Mas não é essa a sensação que fica quando se ouve o novo "Sentir que no sabes", álbum de Mabe Fratti. A jovem natural do Guatemala e radicada na Cidade do México transmite com este trabalho, solto de rótulos e imposições, que, quando não sabemos, somos livres para experimentar. E o resultado não podia ter sido melhor.
A mestria com o violoncelo tinha já ficado incontestável em anteriores álbuns, mas há um nível de experimentalismo em "Sentir que no sabes", agora alcançado de forma sublime, que surpreende. Há um violoncelo irrepreensível, há barulho, há textura, há eletrónica, há toques de pop, há voz suave. Este é um bolo com todos os ingredientes disponíveis na cozinha, mas Mabe Fratti nunca permite que este azede.
Ao lado da guatemalteca está, como já aconteceu antes, o seu companheiro de vida e trabalho, Héctor Tosta, responsável pela produção. A junção dos músicos traz-nos uma sensação que até então Mabe Fratti não tinha passado: todas as faixas, cada uma com o seu ritmo e ambiente, de forma desordenada, fazem as melodias brotar inesperadamente, como se estivesse tudo a ser experimentado no momento - mas sempre com a harmonia de quem preparou o set pormenorizadamente. É a beleza do caos.
"Kravitz" e "Enfrente" são as faixas que mais têm convencido o público. A primeira, abertura do álbum, consegue hipnotizar com decorações pontuais ao que é uma batida simples de tom profundo. É a mais rock de todas.
Depois de se estrear em Portugal no ano passado, com passagem por três cidades, e de já cá ter estado durante uma breve passagem em 2024, Mabe Fratti regressa em outubro ao nosso país. No dia 31 de outubro estará no B.Leza, em Lisboa. No dia seguinte passará pelo Mucho Flow, festival vimaranense.