Membro dos Mumford & Sons afasta-se da banda após elogios a escritor de extrema-direita
Winston Marshall, músico de banjo e guitarrista do grupo britânico Mumford & Sons, anunciou esta quarta-feira que irá "tirar um tempo afastado da banda" depois da polémica devido ao elogio que fez ao escritor de extrema-direita Andy Ngo e ao seu livro sobre o movimento Antifa.
Corpo do artigo
No passado domingo, Winston Marshall fez uma publicação na rede social Twitter sobre o recente livro de Andy Ngo, "Unmasked: Inside Antifa"s Radical Plan to Destroy Democracy" ("Desmascarado: Por Dentro do Plano Radical da Antifa para Destruir a Democracia", em português), lançado no início de fevereiro. "Finalmente tive tempo para ler o teu importante livro. És um homem valente", escreveu o músico, mas o "tweet" foi rapidamente apagado mal começaram a aparecer as críticas.
Numa notícia do jornal britânico "The Guardian", recorda-se que Andy Ngo é um "jornalista conservador" e que a revista Jacobin o descreveu, em 2019, como "o vigarista mais perigoso da América" pelo que consideraram uma tentativa de incitar o assédio contra os manifestantes de esquerda, através da disseminação de alegações falsas e de vídeos editados seletivamente. O "The Guardian" lembra ainda que, numa crítica ao livro, o "LA Times" descreveu "Unmasked" como "extremamente desonesto".
Esta quarta-feira, Marshall anunciou nas redes sociais que iria afastar-se da banda durante um tempo. "Nos últimos dias, compreendi melhor a dor causada pelo livro que elogiei. Ofendi não apenas muitas pessoas que não conheço, mas também as pessoas mais próximas, incluindo os meus colegas de banda, e por isso peço realmente desculpa", escreveu.
https://www.instagram.com/winstonmarshall/?hl=pt
O afastamento, explica Marshall, servirá para "examinar os pontos cegos". "Por enquanto, saibam que compreendo como os meus elogios têm o potencial de serem vistos como aprovações de comportamento odioso e divisório. Peço desculpa, pois essa não era de forma alguma a minha intenção", concluiu.
Os companheiros de banda de Marshall, Marcus Mumford, Ben Lovett e Ted Dwane, não comentaram ainda os elogios nem a decisão do colega. Um representante da banda disse ao "The Guardian" que não houve comentários imediatos.
Em 2018, o grupo foi criticado por ter sido fotografado com o professor de direita Jordan Peterson. Na altura, Ben Lovett disse ao Guardian que "estava ansioso para ter uma conversa com ele, mas apenas porque queria ter uma conversa com o maior número de pessoas possível". O músico descreveu Peterson como "um intelectualista mais do que qualquer coisa: não acho que ele goste particularmente de como isso é político".
Marcus Mumford disse que estava chateado que as pessoas tivessem visto a foto como um endosso à política de Peterson, muitas das quais ele discordava. O artista disse que iria "defender ferozmente os direitos dos companheiros de banda de ouvir o homem".