Mounira Al Solh apresenta no Museu de Serralves até final de agosto visões ternas e terríveis sobre o Médio Oriente.
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Em plena Guerra Civil Libanesa (1975-1990), com bombas a caírem aos cachos sobre Beirute, a pequena Mounira Al Solh abria buracos nos seus pijamas e remendava-os como forma de evasão. Um pequeno ritual que a ajudou a atravessar o horror. É dessa memória que se faz a peça central de “Y’a hamam yalla ma tnam, ma tnam” [Oh pombo, não durmas, não durmas], verso de uma canção de embalar famosa no Líbano e na Síria que dá título à exposição de Mounira Al Solh patente no Museu de Serralves até final de agosto.
São dezenas de pijamas de crianças estendidos em cordas que nos acompanham ao longo da mostra, que inclui pintura, desenho, tapeçaria, vídeo, áudio e instalações. Outra peça nuclear é “Lullaby song”, obra sonora em que se escutam vozes de crianças do Porto a cantar, criando-se uma ligação entre as reminiscências de Mounira e a experiência global.