Cineasta Robert Eggers assina uma nova versão de um dos filmes incontornáveis do cinema gótico.
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Um pouco de história. Em 1922, F.W. Murnau, um dos grandes realizadores do cinema mudo, autor de outros clássicos como “O Último dos Homens”, “Fausto” ou “Aurora”, e que só não passou para o cinema sonoro porque faleceu num acidente de automóvel em 1931, aos 43 anos, assinava um dos grandes clássicos do cinema, “Nosferatu, o Vampiro”.
Versão ao estilo do expressionismo alemão, imaginada pelo argumentista Henrik Galeen, do “Drácula” de Bram Stoker, tinha em Max Schreck um protagonista tão misterioso na pele do Conde Orlok, que muitas histórias correriam sobre a sua existência. Há alguns anos, Willem Dafoe interpretaria esta personagem, num filme sobre a rodagem do filme de Murnau, “A Sombra do Vampiro”.
Voltando ao Nosferatu, outro grande alemão, Werner Herzog, assinaria em 1979 uma versão romântica, “Nosferatu, o Fantasma da Noite”, com o seu grande amigo/inimigo Klaus Kinski no papel do vampiro, e Isabelle Adjani na mulher que seria a sua perdição, levando-o a ver a luz do dia e assim desaparecer do mundo, dos vivos e dos mortos.
Chegamos assim ao “Nosferatu”, de Robert Eggers, que estreia esta quinta em todo o país. Depois de filmes como “A Bruxa” e sobretudo “O Farol”, Eggers encontrou os meios para fazer uma versão espetacular, em linha com o seu passado também de diretor artístico. Eggers aposta na estética e nos códigos do horror gótico.
Eggers sublinha em demasia o lado ninfomaníaco de Ellen, interpretada por Lily-Rose Depp, e torna o Conde Orlok uma caricatura, mais perto de um qualquer monstro de um banal filme de terror, apesar dos esforços de Bill Skarsgard.
No entanto, para as jovens gerações, para os que entram na sala sem conhecer o passado de Nosferatu no cinema, o filme de Eggers é um espetáculo correto, a história de uma paixão impossível. Ao menos, a memória do clássico não foi estragada. Se houver alguém que tenha agora a curiosidade de ir ver o Murnau, a operação já terá sido um sucesso.