Num ano atípico, as livrarias espanholas têm registado, nos últimos meses, um aumento das vendas. Os livros foram um dos companheiros escolhidos por muitos durante o confinamento.
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Na cidade de Barcelona, as livrarias independentes têm registado um aumento das vendas. Aliás, novas lojas abriram durante o período do confinamento, como é o caso da Livraria Byron, no mês passado na zona de Sant Antoni, avança o "The Guardian".
"No dia em que finalmente abrimos, em novembro, havia uma fila de pessoas à espera de entrar. Não havia espaço para todos. Foi realmente bastante comovente. Desde então, as pessoas vêm todos os dias. Não sei se é por solidariedade ou porque a livraria é algo que faltava no bairro", diz Mariana Sarrias, coproprietária da livraria.
A pandemia apelou à consciencialização para o apoio das livrarias locais, realça Maria Carme Ferrer, presidente da associação das livrarias catalães. "As livrarias são centros culturais locais", assegura.
Nos últimos anos, as livrarias têm vindo a enfrentar tempos difíceis. Em 2013, a tradicional livraria "Catalunha", que já existia na cidade desde 1924, fechou as portas e foi substituída por um McDonald's, assim como a "Canuda", uma livraria em segunda mão que faliu e deu lugar a uma cadeia de lojas de roupa.
Barcelona é conhecida como a capital do comércio editorial espanhol e, todos os anos, no dia 23 de abril, os catalães festejam o aniversário do padroeiro Sant Jordi (São Jorge). As pessoas trocam livros e rosas e as ruas enchem-se de barracas improvisadas de venda de livros. Este ano, o dia não foi festejado.
A preferência dos leitores foca-se em livros antigos e não nos mais recentes best-sellers. "Muitas pessoas voltaram à leitura e não estão à procura da última publicação, mas sim de livros que pretendiam ler há alguns anos", afirma Lluís Morral, gerente da livraria "Laie".
Tanto Sarrias como Morral acreditam que o isolamento relembrou às pessoas que os livros, além de boa companhia, podem ser muito sociáveis. "Não posso falar por todos, mas entre os meus conhecidos muita gente chegou ao ponto de saturação de assistir a séries televisivas", explica o gerente da "Laie" ao jornal britânico.