Disco de estreia da nova banda rock seria apresentado este domingo no Coliseu do Porto, mas foi adiado, por motivo de doença, para dia 24 de março. JN falou com o vocalista David Pinheiro.
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Foi da fossa da pandemia que se ergueu a música de Os Senhores, banda liderada por David Pinheiro e que inclui dois elementos dos Amor Electro, Tiago Pais Dias e Ricardo Vasconcelos. Debitam um rock emocional que quer recuperar a “honestidade” dos anos 1990.
“Sr. Saraiva”, o disco de estreia, seria apresentado este domingo à tarde na sala Novo Ático do Coliseu do Porto mas, por problemas de saúde de um elemento da banda, o concerto foi remarcado para o dia 24 do próximo mês, às 18 horas.
“Eu tinha três hamburguerias”, assim recomeça a história musical de David Pinheiro, que saíra de cena há uns anos, depois de ter gravado, em 2010, o álbum “Details” com os Mr. Smith.
“Geria os restaurantes e um negócio de marketing digital. Depois veio o confinamento e bati mal. O negócio caiu a pique, senti-me frágil e desamparado. O meu refúgio foi a música”, revela Pinheiro, que nunca escrevera letras em português e passou a fazê-lo: “Para falar com verdade sobre assuntos tão pessoais precisava da língua materna”.
Pinheiro redigiu a maior parte da lírica do álbum durante esse período, tendo chegado a 15 canções. Mais tarde, apresentou o material aos músicos de Amor Electro, banda que estava em pausa. Eles gostaram, ensaiaram e gravaram. Reduziram o acervo para 11 temas, dois deles compostos por Ricardo Vasconcelos, todas as letras a evocarem a fase penosa da pandemia. Apresentaram-se ao Mundo no último Super Bock em Stock, em Lisboa, no final de 2023.
Vêm aí outros Senhores
“Sr. Saraiva” não é um álbum conceptual, mas o seu nome encerra um programa. Tal como Gonçalo M. Tavares tem o seu “bairro dos escritores”, com títulos como “O senhor Walser” ou “O senhor Brecht”, o “Sr. Saraiva” é o primeiro de uma série de personagens.
“Este é o senhor que canta o amor e o desamor. Irão seguir-se outros álbuns com outros senhores, que reflitam a realidade dos restantes membros da banda ou o cruzamento das nossas experiências”, diz o vocalista.
A guiar o espírito do novo projeto está o "pathos" dos anos 1990: “Havia uma fragilidade e emoção em bandas como os Nirvana ou os Radiohead que se foi perdendo”, diz Pinheiro.
“Hoje é tudo mais arrumadinho, consome-se o artista a solo, rapazes e raparigas giros, e não se escutam os álbuns do princípio ao fim. Não nos interessa tanto recuperar o estilo musical do grunge, mas sim a verdade que havia nesse tempo e nessas bandas”.