O Tremor é uma festa de música à flor da pele, arranca esta terça-feira na ilha de S. Miguel, Açores, e segue até sábado com mais de 50 artistas.
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Como as coisas cinésicas de propulsão vibratória, maviosas e domadas ou de extrema violência, o Tremor é um festival de música multilugar em que a libertação súbita de energia provoca deslocações - tanto na concreta terra como no espectador. O epicentro é sonoro, mas possui várias órbitas artísticas e estéticas, do pensamento às exposições e às oficinas criativas, das caminhadas canoras à comida na Cozinha Comunitária, e nas casas de várias famílias de Rabo de Peixe que abrem mesa aos forasteiros, da imersão à inclusão das comunidades do ilhéu.
Há muito esgotado para 1250 espectadores por dia, começa hoje na ilha de S. Miguel, Açores, com o violino de Owen Pallett em loop no Teatro Micaelense e cavalga com uma dezena de eventos diários até sábado, quando fechar a escorrer na madrugada do DJ britânico Fitz a bombear sons de muitas galáxias na pista das Portas do Mar.
Joaquim Durães, dono da promotora Lovers & Lollipops, dínamo de eventos primordiais como o festival Milhões de Festa, codiretor do Tremor com Márcio Laranjeira e Luís Banrezes, debate-se para o definir e esgrime palavras-chave: "O Tremor é exploração, é tempo, é imersão, é ecletismo, é criação, é pensamento, palavras, atos e ação. O seu núcleo é a música mas a sua essência é a ilha, a ilha é o verdadeiro cartaz do Tremor".
Com mais de 50 artistas em criação autonómica ou colaborativa, o indutor Durães faz um braçado de relevo: "Avalanche Kaito, com o seu noise e punk do Burquina Faso, no Solar da Graça; Dame Area, duo barcelonês pós-punk, industrial; ZA!, uma banda da casa que vai tocar no Micaelense com Perrate o seu peculiar rock-palmas; Lalalar, rock psicandélico da Turquia Grove, que é eletrónica de Bristol visceral e para saltar; Marina Herlop, uma catalã de eletrónica muito cirúrgica, voz deslumbrante, muito pouco espanhola, é uma rendição, atua no Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas; ou Verde Prato, a cantora basca que esculpe dream pop da música tradicional da Euskadi e dá um concerto no místico Parque Terra Nostra com o público mergulhado na água quente ferrosa das Furnas".
Mas, "mais que os nomes isolados, importa é o puzzle total e o seu jogo, seja de continuidade ou de disrupção. E importa o amor, porque o Tremor", diz o dínamo Durães, "o Tremor é amor".