Estreou este sábado, em Cannes, um controverso documentário sobre Amy Winehouse, que está a gerar polémica entre a família da cantora, por retratar o pai como um oportunista culpado pelos vícios que a levaram à morte, em 2011.
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Apesar do apoio inicial da família de Amy Winehouse ao documentário "Amy", que estreou este sábado em Cannes, a família Winehouse afastou-se do projeto, por considerar que a representação no ecrã do pai da cantora não corresponde à verdade. "Senti-me enojado quando o vi pela primeira vez. A Amy ficaria furiosa", disse Mitch Winehouse, o pai da cantora.
No filme, Mitch é retratado como um homem ávido por explorar a fama da filha, depois de ter sido um pai ausente durante a sua infância. Na altura em que Amy teve a sua primeira crise, aos 23 anos, Mitch terá recusado interná-la num centro de reabilitação antes do início de uma digressão, mas que acabou por ter de ser cancelada devido ao aos problemas com álcool e drogas.
Mitch Winehouse defende-se desta sugestão do filme, por considerar que a gravação onde esta frase foi gravada foi retirada do contexto.
Outra das cenas descrita como uma das mais explícitas sobre o alegado comportamento menos próprio do pai e dos agentes refere-se a umas férias intimistas, para as quais Mitch Winehouse convidou uma equipa de televisão. Amy já estaria num período muito difícil de abuso de drogas e álcool e a tentar descansar, depois de ter saído da reabilitação.
As acusações, no entanto, não demovem Asif Kapadia, que afirma que manteve o filme verdadeiro e honesto. "Havia muita tensão, muitas vozes à volta dela [Amy] que não permitiram que ela lidasse com os problemas. Penso que é difícil para as pessoas verem isto, porque é o virar do espelho", explicou o realizador.
Para realizar "Amy", Kapadia (realizador do documentário "Senna", sobre o piloto brasileiro Ayrton Senna) fez mais de 100 entrevistas com 80 pessoas, incluindo amigos e família de Amy Winehouse, num processo que considerou, ao "Hollywood Reporter", como "doloroso".
Com o apoio da editora Universal, Kapadia fez as entrevistas "um para um", num ambiente intimista, para conseguir que as pessoas se abrissem sem medo sobre a vida da artista, que morreu em julho de 2011, vítima dos excessos pelos quais era conhecida. "Falávamos no escuro", afirmou o realizador do documentário.