Para que não desconfiemos do desconfinamento, agora que o verão finalmente se aproxima, nada melhor do que um punhado de livros cuja divisa maior é a liberdade. Porque a tão desejada fruição pode estar, afinal, mesmo ao virar da página.
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"E um poema explode na boca
e os seus estilhaços devoram o mundo
abocanhando o sentido dos homens
Um poema explode como um canibal que rói
a aparência do quotidiano
até chegar ao osso"
Assim escreve Rui Marques na sua estreia literária, a que deu o sugestivo título de "Poemas (des)confinados".
Não se caia, todavia, na tentação de considerar que os textos obedecem todos à mesma temática. O nome não se deve tanto à omnipresença da pandemia como à defesa acérrima dos valores da liberdade que deles emana.
Essa ânsia manifesta-se um pouco por todo o livro, mas encontra a sua máxima expressão em poemas como "Quero viver num país chamado futuro", em que professa um conjunto de reivindicações que a realidade quotidiana insiste em negar, ou "Maternal poesia", tocante escrito no qual defende que "a poesia nasce suja" e apenas "se purifica na arte dos homens".
O livro vai ser apresentado neste sábado, dia 29, às 18 horas, na Casa da Cultura de Melgaço, terra natal do autor.
Foi também no atual contexto pandémico que a consagrada Filomena Marona Beja escreveu grande parte do seu mais recente livro, editado pela Parsifal.
Em "Histórias de liberdade e outras", a autora de "Avenida do Príncipe perfeito" faz um conjunto de aproximações tangentes à realidade, nunca se detendo num só elemento, tal a sua vontade de narrar o que vê.
A ideia de liberdade está sempre representada nestes escritos breves, narrados no seu habitual estilo ágil e sincopado. É o que acontece com a protagonista da história inicial, que abre brechas nos muros para que as tão esquecidas lagartixas possam movimentar-se sem impedimentos. Mas também na história, real, da ginasta romena Nadia Comaneci que se inspirou nas canções de Bob Dylan para tentar uma nova vida, longe do país natal.
Longe vão os tempos em que líamos livros de viagens para conhecermos locais a que não podíamos ir. Cada vez mais, como bem no-lo demonstra Paulo Moura no seu novo livro, "Cidades do sol", os livros de viagens tentam, acima de tudo, ajudar-nos a compreender realidades complexas que, por esse motivo, não devem suscitar leituras simplistas.
Na busca de uma resposta - o que representam as utopias nas novas sociedades orientais -, o repórter e escritor percorreu uma dezena das principais metrópoles asiáticas, incluindo Hong Kong, Manila, Seul ou Jacarta.
Mais do que conclusões forçosamente redutoras, Moura oferece-nos retratos pormenorizados de habitantes daqueles lugares que, no seu conjunto, nos ajudam a formar juízos mais aproximados sobre os desafios que aqueles povos enfrentam.
Se há dados inquietantes (como o reduzido peso das artes e da cultura na maioria dos locais), a esperança não está de todo ausente, como se avalia pela importância das relações familiares ou o apego a a algumas tradições.
Misto de romance, ensaio e livro de viagens, "Grand Hotel Europa" valeu ao holandês Ilja Leonard Pfeijffer um acréscimo óbvio de notoriedade em vários países.
Em grande parte, devido à pertinente reflexão que faz sobre a identidade europeia na era do turismo. A história gira em torno de um escritor que, para curar um desgosto de amor, faz uma longa viagem e acaba por hospedar-se no tão mítico quanto decadente Grand Hotel Europa.
Enquanto vai rememorando o fracasso da sua relação anterior, questiona, a partir da amostra da realidade que lhe é dada a ver, o futuro de um continente, dividido entre o peso da História e a incerteza económica do presente.
A tradução portuguesa do livro chegou há poucas semanas e foi a escolhida para inaugurar a coleção "Contemporânea", da chancela Livros do Brasil.
Intitula-se, simplesmente, "Riverbook" e pode constituir uma leitura revigorante, sobretudo para os apreciadores de desportos de água e em particular para os praticantes de canoagem.
Editado pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, o livro, da autoria de Nuno Mateus, presidente da Associação de Clubes de Canoagem da Região da Beira Baixa, demonstra as condições excecionais daquela região para a prática da modalidade, de que são exemplos os rios Ocreza, Tejo, Zêzere e Erges são bons exemplos.
Mas nas páginas de "Riverbook" podemos encontrar ainda um conjunto de percursos com características específicas à prática da canoagem, além de vasta informação sobre as distâncias, segurança e graus de dificuldade.