O quadro mais caro de Paula Rego é "O cadete e a irmã", leiloado em Londres por valor acima de 1,6 milhões de euros.
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Paula Rego é uma referência fundamental no meio artístico internacional. Os seus trabalhos sobre o modelo vivo, e outros ainda feitos e assumidos como desenhos "à maneira do século XVIII", enfatizando as expressões dos rostos, com crueza e nomes acutilantes, onde as personagens masculinas são residuais e as femininas abundantes, tornaram-se a sua imagem de marca. Apesar de haver "outros artistas que recorrem à pintura figurativa, Paula Rego é a que se destaca", diz Marta Almeida, curadora do Museu de Serralves.
A sua primeira mostra em Lisboa aconteceu em 1961, na II Exposição da Gulbenkian, tendo o seu trabalho sido muito bem acolhido pela crítica. A partir desta data cimentou-se uma carreira internacional, com uma lista de prémios profícua e obras de um valor incalculável. O trabalho mais valioso é "O cadete e a irmã" (1988), leiloado em 2015, pela Sotheby"s, em Londres, por 1 614795 euros. O quadro aborda a despedida, mostrando um cadete vestido com o uniforme do Colégio Militar, com a irmã, enquanto ela se ajoelha e ata os sapatos. No mesmo leilão estava também a obra "Looking out", de 1997, um pastel sobre papel em alumínio, arrecadado por um particular por 975 mil euros.
Em 2018, foi leiloada parte da coleção privada de Isabel Vaz Lopes e também aqui o recorde foi alcançado por uma pintura de Paula Rego, intitulada "Cortesão", com data de 1981. A base de licitação começava nos 60 mil euros e foi o valor pago por um colecionador, cuja identidade não foi revelada, no leilão da Veritas Art Auctioneers, em Lisboa. No mesmo ano, "A ilha do tesouro", pintado em 1972, em técnica mista com colagens sobre tela, foi arrecadada por 200 mil euros no Palácio do Correio Velho, também na capital.
Mas ainda há obras por descobrir. Catarina Alfaro, responsável pela Casa de Histórias Paula Rego encetou no final de 2015 uma investigação para o catálogo raisonné "Paula Rego: Anos 50-60". A curadora apelou a particulares e instituições para colaborarem na localização de obras desaparecidas. E teve respostas positivas, como foi o caso de "September afternoon", que estava em depósito, no Museu Carmen Miranda, no Marco de Canaveses, e que foi reconhecida pela artista.
Prémios
Em Portugal
Ganhou o Prémio Soquil (1971); Prémio Benetton/ Amadeo de Souza-Cardoso, Casa de Serralves, Porto (1987); Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant"Iago da Espada (1995) e posterior elevação a Grã-Cruz (2004). Vencedora do Prémio Celpa/Vieira da Silva em 2001. Em 2011, recebeu o Doutoramento Honoris Causa da Universidade de Lisboa. Em 2019, recebe a Medalha de Mérito Cultural do Governo.
No estrangeiro
Recebeu em 2019 o prémio carreira da "Harper"s Bazar". Em 2010 recebeu da Rainha Isabel II a Ordem do Império Britânico. Foi Prémio Turner 89, em Londres.