O episódio especial de Natal da produtora brasileira Porta dos Fundos não está a ser consensual. Um Jesus homossexual e um triângulo amoroso entre Deus, Maria e José despoletou várias críticas no país e já chegou à política. Um grupo de três deputados de São Paulo está a reunir assinaturas para que a produtora seja chamada a uma comissão de inquérito parlamentar.
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De acordo com a imprensa brasileira, as críticas são tão vastas que há já quem queira que Sérgio Moro, ministro da Justiça do Brasil, intervenha criminalmente contra os humoristas da Porta dos Fundos. O deputado Julio César Ribeiro, do partido dos Republicanos, acredita que a produtora violou o artigo 208 do Código Penal do Brasil ao "vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso".
A ele juntam-se mais vozes como as de Frederico D'Avila, Altair Moraes e Tenente Nascimento, deputados da Assembleia Legislativa do Brasil, que num vídeo do Twitter acusam o grupo brasileiro de retirar "o valor espiritual da sagrada conceção" e desdenhar "a trajetória de Jesus". Por isso, motivam os colegas a reunir a assinar um documento oficial para que a produtora dê explicações no Parlamento, o atual Congresso Nacional.
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Em causa está o episódio especial de Natal da Portas dos Fundos, transmitido pela Netflix, com o nome de "A Primeira Tentação de Cristo", onde a figura bíblica é caracterizada como homossexual e é também referido um triângulo amoroso entre Deus, José e Maria.
Dos evangélicos aos cristãos, representantes de várias religiões mostraram o seu desagrado perante o episódio humorístico. O que levou Gregorio Duvivier, um dos rostos mais conhecidos da Porta dos Fundos, a publicar no Twitter a seguinte frase: "não pode rir de religião, só de preto, viado e pobre".
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Também Fábio Porchat, da mesma produtora, escreveu na rede social: "Gente, pode deixar que eu me resolve com Deus, tá de boas, não precisa se preocupar não. Agora pode voltar a se indignar com a desigualdade que destrói nosso país. Mas tem que se indignar com o mesmo fervor, tá?"
Um dos deputados que já se pronunciou sobre o episódio polémico de Natal foi o filho de Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Eduardo Bolsonaro, que é crente na Igreja Batista, não ficou alheio às críticas: "Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população?", cita o jornal "Folha de São Paulo". Acrescentou ainda que a "Netflix ataca cristãos".
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Além da recolha de assinaturas para validar uma comissão de inquérito parlamentar, está também em curso uma petição pública contra a exibição do episódio da Porta dos Fundos e um apelo ao boicote da Netflix incitado por vários líderes religiosos.
Já no ano passado, o especial de Natal da Porta dos Fundos com o nome de "Se Beber Não Ceie" não foi bem recebido. No episódio, Jesus era retratado como um homem que gostava muito de beber e tinha um caso amoroso com Maria Madalena.