Direção do festival ainda não tomou decisão definitiva sobre o festival, mas secções paralelas foram canceladas. Mercado deverá ter edição virtual
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Na sequência da comunicação oficial ao país do presidente Macron, na segunda-feira à noite, alargando o período de isolamento até ao dia 11 de maio e proibindo quaisquer eventos públicos até meio do mês de julho, a informação comunicada há vários dias pela direção do Festival de Cannes de esperar fazer o festival entre o final do mês de junho e o início de julho foi definitivamente posta em causa.
Ontem, o festival lançara já um comunicado, em reação às declarações do Presidente da República, mas ainda completamente inconclusivo, afirmando ir debater com os agentes do meio, como produtores, realizadores e distribuidores, bem como com as secções paralelas que o festival alberga, as já veteranas Quinzena dos Realizadores e Semana da Crítica, mas também aa mais jovem ACID
Ora, estas três secções paralelas emitiram há pouco um comunicado conjunto em que, face à nova agenda do combate do país ao Covid-19, lamentam ter de tomar a decisão de cancelar as suas edições de 2020.
"A crise de saúde pública que estamos todos a viver torna impossível antecipar o curso dos acontecimentos", refere-se. "No entanto, de forma a apoiar toda a indústria do cinema, afetada pelos atuais acontecimentos, cada secção, em consulta com o Festival de Cannes, irá procurar a melhor forma para apoiar os filmes submetidos às suas edições de 2020".
Este último parágrafo do comunicado da Quinzena, da Semana e do ACID mostra bem a dependência que muitos filmes têm, sobretudo os de origem francesa, da chancela "Festival de Cannes" para a sua posterior divulgação em todo o mundo. Apesar de não se saber ainda quando vamos todos poder ir em segurança às salas de cinema, este é sem dúvida um fator a ter em conta no pós-quarentena.
Nesta situação estará por exemplo "Benedetta", um dos filmes mais esperados dos últimos anos e que conta a história de uma freira lésbica do século XVII, interpretada por Virginie Efira. É que Paul Verhoeven, realizador de filmes tão famosos como "Instinto Fatal", "Robocop" ou o mais recente "Ela", teve de interromper a montagem e a pós-produção do filme, parado há quase um ano, para recuperar de um grave problema de saúde que o impediu de mostrar o filme em Cannes 2019, como estava inicialmente previsto.
Aguarda-se ainda uma decisão definitiva do Festival propriamente dito, enquanto a revista oficial da indústria de cinema local, Le Film Français, anuncia como provável a realização do Mercado do Filme, em formato online, de 22 a 27 de junho.