Ator é protagonista do thriller “O amador” e contracena com Laurence Fishburne, que idolatra “na vida real”. Estreia hoje .
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Celebrizado pelo Oscar de “Bohemian rhapsody”, onde recriava o cantor Freddie Mercury, dos Queen, Rami Malek despontou para a fama na série distópica “Mr. Robot” e como vilão do último James Bond, “007: Sem tempo para morrer”. Em 2024 vimo-lo no colossal “Oppenheimer”. Agora regressa como operacional da CIA no filme de espionagem e ação “O amador”, onde lhe matam a mulher num terrível ataque terrorista.
A sua carreira mudou imenso. Esperava chegar aqui?
Nunca tive expectativas muito grandes neste meio do cinema. Não gosto muito de particularizar, porque é difícil para qualquer pessoa arranjar trabalho. O que queria é ser ator e ter trabalho. A minha família educou-me como uma pessoa humilde. Mas é claro que gosto muito desses momentos em que tenho a admiração dos meus pares e dos espectadores em geral. E espero continuar a tê-la.
O que o seduziu no filme?
Gosto de ir à procura de projetos em que as pessoas não estejam à espera de me ver. Acho que ninguém estava à espera de me encontrar num filme deste género. De mostrar que uma pessoa como qualquer outra pode repentinamente ser colocada numa situação difícil. É uma personagem com que toda a gente se pode identificar.
Como se preparou para esta personagem “comum”?
Olhei para o filme como a história de alguém que está a sofrer pela perda de um ente querido. Todos podemos identificar-nos com isso: como manter a memória das pessoas que nos deixaram, sem cair num desespero absoluto; como usamos a dor como uma arma para resistir. É isso de que gosto nesta personagem, a forma como ele encontra aquela força única.
Encontra-a na personagem do Laurence Fishburne…
O grande Laurence Fishburne! Ele não representa o típico herói do filme de ação, mas transmite-lhe esse tipo de força de que ele necessita.
É uma espécie de mentor...
Na minha vida real, o Laurence Fishburne também o foi. Vi todos os filmes dele! Influenciou a minha vida de uma forma indelével. Desde que o encontrei, tivemos imensas conversas sobre o nosso trabalho, sobre como contar uma história. Mas bastaria olhar para ele a trabalhar e perceber como ele vive a vida dele. Em frente ou atrás da câmara, como ser humano, toda a graça, a elegância, a sabedoria, é tão subtil e tão bela.
Em que consistiu o seu trabalho como produtor?
Quis perceber o que poderia fazer neste meio além de ser ator. Trabalhei com produtores extraordinários e com o James Hawes, cujo trabalho tanto admiro, como, por exemplo, na série “Slow horses”. Foi genial trabalhar com ele na construção de uma equipa capaz de contar esta história de forma que pudesse tocar as pessoas um pouco por todo o Mundo.
Gosta de personagens que são contra o sistema?
Gosto de fazer personagens que falam a verdade. Identifico-me com alguém que se torna um herói inesperado, que é capaz de fazer coisas extraordinárias. Pessoas que tentam que o sistema mantenha um sentido de justiça. São personagens como essas que me inspiram. Personagens que vão contra o sistema, mas com que as pessoas se possam identificar.
Como abordou o lado negro da história?
Nunca olhei para um filme como uma sessão de terapia. Ou como um processo de catarse.
Haverá mais filmes com a personagem Charles Heller?
Vamos ver até onde este filme nos vai levar. Ninguém sabe. O céu é o limite.
Está à espera de ter sucesso na bilheteira?
Hoje em dia vemos filmes nos aviões, o que não gosto muito de fazer, e vemos filmes em casa ou nos telemóveis. Mas um filme como este, com a fotografia e o som que tem, com as cenas que se filmaram em tantas cidades, vê-lo numa sala de cinema é um grande acontecimento. O cinema não morreu – está bem vivo. E “O amador” é um desses filmes que merecem ser vistos num ecrã gigante.
Crê que o filme é um espelho do nosso tempo?
Não estaria a fazer um papel assim há dez anos, nem me dariam a oportunidade. É isso que torna este filme tão especial. Toda a gente pode meter-se na pele deste ser humano normal, mas capaz de fazer coisas extraordinárias. Todos nós vamos descobrindo no dia a dia aquilo que somos capazes de fazer.