Seis milhões de euros já foram transferidos para o Fundo da Salvaguarda, avança Ministério da Cultura.
Corpo do artigo
Quando há exatamente um ano, e sob muita contestação, no Dia Internacional dos Museus, foi lançada a raspadinha Lotaria do Património Cultural, o Governo tinha uma previsão de receita de 5 milhões de euros anuais.
Segundo dados fornecidos na terça-feira ao JN pelo Ministério da Cultura, "a primeira emissão, de 20 milhões de bilhetes, foi finalizada em janeiro de 2022 e teve uma taxa de colocação de 100%". A expectativa foi, assim, largamente ultrapassada.
Os resultados líquidos desta raspadinha são consignados integralmente ao Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, sob a gestão do Ministério da Cultura/ Direção-Geral do Património Cultural, sendo aplicados em despesas com intervenções de salvaguarda e valorização do património cultural.
"Este valor acumulado de cerca de 20 milhões de euros originou uma receita de perto de 6 milhões de euros, transferida para o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural", elucidou o Ministério da Cultura.
A tutela esclareceu ainda que "deste montante, uma verba de cerca de 1 200 000 euros foi já aplicada em obras de reabilitação do património". Existindo, portanto, 4 800 000 euros por aplicar.
historial atribulado
A Lotaria do Património Cultural chegou a ser anunciada para o ano de 2020 e inscrita no Orçamento do Estado de 2021 para ajudar a responder a "necessidades de intervenção de salvaguarda e investimento", em património classificado ou em vias de classificação. Mas foi alvo de crítica de vários grupos parlamentares.
Outra das faces mais visíveis da crítica a esta iniciativa foi a Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património, que entendeu que as raspadinhas são uma forma de desvalorizar o património.
A iniciativa, como explicou a tutela, tinha também o objetivo de "envolver todos"."Para que cada cidadão se sinta parte da missão nacional de preservar o património. Fazer com que cada um de nós se sinta parte de algo que tem de ser de todos. 2021 será também o ano de envolvermos todos nesta missão nacional", afirmou à época a anterior ministra da Cultura Graça Fonseca.
A Lotaria do Património Cultural tem o valor facial de 1 euro e um prémio que pode atingir os 10 mil.
Imagem
Monumentos diferentes nas cinco versões
A raspadinha da Lotaria do Património tem cinco versões, cada uma delas com imagens icónicas de monumentos portugueses. Na primeira versão, as cinco imagens escolhidas foram o Castelo de Guimarães, um dos símbolos da nacionalidade; o Convento de Mafra, ordem religiosa e militar; a Sé de Évora, a maior catedral medieval portuguesa; a Torre de Belém, em Lisboa, erigida no século XVI; e o Mosteiro da Batalha, manuelino, expoente do gótico.