Maiores de 65 anos protestaram contra proibição de entrar no espetáculo. Organização diz que medida vai ser revista. Em maio a lotação sobe de 400 para mil pessoas.
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Com pouco receio e muita confiança, foi assim que 400 pessoas assistiram, esta quinta-feira à noite, ao primeiro de dois eventos-piloto, que assinalam o regresso dos espetáculos ao vivo e ao ar livre. Aconteceu no recinto exterior do Altice Fórum, em Braga.
À chegada ao local onde haveria de atuar o humorista Fernando Rocha, todos os espetadores foram testados à covid-19. A regra impõe que só com resultado negativo poderiam participar no evento.
"Tinha tantas saudades de sair de casa, que decidi comprar bilhete", afirmou ao JN o estudante João Basto. "Sinto-me tranquilo e seguro, sei que toda a gente fez teste e que os resultados foram negativos."
Somando o público e os elementos responsáveis pela logística, foram realizados 500 testes rápidos. "Por dois euros faço o teste e ainda assisto a um espetáculo", enfatizou Goreti Brito, antiga funcionária de uma loja de roupa que fechou durante o confinamento. "É muito mais barato do que comprar o teste na farmácia. E aqui ainda me divirto", elogiou.
Paulo Dias, da Associação Portuguesa de Espetáculos, era também um homem feliz, apesar do atraso que pautou o início do espetáculo marcado para as 20 horas. "Provámos que é possível fazer espetáculos em segurança", vincou. "Só queremos trabalhar. Estávamos, desde setembro, a pedir a utilização de testes. Agora conseguimos. E resulta."
Há um ano fechados em casa, o casal Guilherme Azevedo e Simxer Fernandes, natural do Brasil, aproveitou para a assistir ao show de um humorista que desconhece. "É a primeira vez que saímos e sentimo-nos seguros. Há uma grande preocupação com a saúde."
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Reformados protestam
Sem acesso ao espetáculo - exclusivo para o público entre os 18 e os 65 anos -, a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!) pediu explicações. "As pessoas com mais de 65 anos causam algum insondável incómodo à organização dos eventos em causa?", perguntam, lembrando que os maiores de 65 anos "estão maioritariamente vacinados".
Paulo Dias ensaiou uma resposta: "Por uma questão de segurança, que tem a ver com este espetáculo e com os testes, não podem estar presentes menores de 18 nem maiores de 65 anos. Mas a situação vai ser revista. Queremos toda a gente nos espetáculos".
Sexta-feira, mais 400 pessoas, todas em pé e dividas em grupos de cem, vão também assistir ao concerto de Pedro Abrunhosa no mesmo local. Em maio, a lotação possível aumenta. Em Coimbra e em Lisboa, mil pessoas poderão assistir a um concerto ao ar livre mediante teste negativo.