Festivais apostam cada vez mais em práticas sustentáveis. Rock in Rio Lisboa prevê este ano nova redução de resíduos.
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Milhares de copos de plástico espalhados pelo chão ou caixotes de lixo a transbordar de detritos no final de uma noite de espetáculos são imagens que nos habituámos a ver nos festivais, mas cuja persistência parece ameaçada. Cada vez mais, estes eventos fazem da prática de sustentabilidade um dos eixos da sua ação, através da aposta na reciclagem, apoio a programas sociais ou a promoção de ações de educação ambiental.
Atingida a meta de "lixo zero" na edição de 2016 - o que significa que todos os resíduos produzidos são reciclados ou transformados em energia e fertilizante -, o Rock in Rio Lisboa acaba de traçar as suas metas de sustentabilidade até 2030, que elencam uma série de objetivos ambiciosos a atingir até essa data, entre os quais consta a redução da geração de resíduos, com a eliminação da embalagem primária e o incentivo à economia circular. Na última edição, por exemplo, a utilização dos copos de plástico foi reduzida quase a zero graças ao forte incentivo que foi feito ao uso de recipientes recicláveis.
Para Roberta Medina, vice-presidente executiva do festival, "o apelo à mudança não só se tornou obrigatório como chega de diferentes lados". Se em 2004, na sua primeira incursão por Portugal, a gigantesca celebração artística criada por Roberto Medina em 1985 aspirava "fazer um Mundo melhor", agora a meta "passa por ser um Mundo melhor", reitera a responsável.
Menos pegada ecológica
O esforço de redução da pegada ecológica não é recente num festival que obteve em 2013 o selo de certificação internacional de eventos sustentáveis e, quatro anos mais tarde, o Global Conservation Hero Award pelo projeto Amazonia Live. Ao longo das suas 20 edições, o evento calcula já ter reciclado um total de duas mil toneladas de resíduos sólidos, incluindo 449 de plástico, 531 de papel ou 408 de madeira.
No domínio do aproveitamento dos recursos, há outros números que impressionam. Como os que revelam que as políticas de economia de energia permitiram que se poupasse o equivalente ao consumo de 16 mi lares durante seis meses ou também que, através da reciclagem do papel, foi possível evitar o abate de 212 hectares de floresta, equivalente a 212 campos de futebol.
Na próxima edição do Rock in Rio Lisboa, marcada para o Parque da Bela Vista nos fins de semana de 18 e 25 de junho, a defesa das causas ambientais será ainda mais reforçada. Assim, cada palco terá um manifesto associado, a Rock City vai ser rebatizada com um conceito ainda mais plural e, por fim, "haverá conversas por todo o lado que promovam a diversidade, de género, gerações e de cultura", revela a vice-presidente.
Para que a pegada carbónica seja ainda mais residual e os espectadores usem os transportes públicos em detrimento do automóvel, será feito um esforço adicional de sensibilização. O metro foi a solução escolhida por 11% do público residente na região de Lisboa e Roberta Medina acredita que há condições para que essa percentagem aumente de forma significativa.