Scorpions prometeu voltar aos anos 80 e não desiludiu. A banda alemã de hard rock deu um concerto de uma hora e meia de pura nostalgia a milhares de rockeiros na primeira noite da 10ª edição do Rock in Rio, em Lisboa.
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Os cabeças de cartaz - perto de completarem 60 anos de carreira -, reuniram várias gerações pelo rock num concerto que fechou, em altas, a primeira noite agitadíssima do festival no Parque Tejo. Um mar de gente inundou a zona do Palco Mundo, tornando difícil conseguir ver o palco ou até mesmo os ecrãs gigantes.
Guitarras, bateria e a voz forte de Klaus Meine. “Coming Home” pôs fim à longa espera pela banda ao vivo. agradecidos pelo convite para regressarem nesta edição do festival, os Scorpions deram tudo ao longo de uma hora e meia num autêntico espetáculo de luz que, no escuro da noite, até parecia cintilar o Tejo.
Entre as músicas, foram várias as vezes que o vocalista - de óculos escuros, boína e casaco de pele - interagiu sempre com o público. É caso para dizer, à boa maneira portuguesa, que Mein, aos 76 anos (feitos há poucos dias) “ainda está para as curvas”. E a “pinta” de roqueiros que caracteriza o grupo também não desapareceu com o tempo.
Depois de momentos de êxtase, o romantismo do quinteto veio acalmar a multidão., com “Send me an Angel” ou “Still Loving You, acompanhadas pela voz do público e as luzes dos telemóveis. “Ainda te amo, Portugal”, lança Mein, aludindo àquela poderosa balada escrita para o 9º álbum da banda. Por momentos, quem na plateia ouvia esta canção na sua adolescência foi transportado para o tempo em que esteve no 1º lugar do top em Portugal uma série de semanas em 1984.
O que se seguiu foi desvendado pelo indistinguível assobio no começo de “Wind of Change”. Um dos clássicos compostos por Meine, inspirado na mudança que pairava sobre a Europa durante a Guerra Fria. E que, sem dúvida, naquele momento, levou os milhares que ali estavam “para a magia do momento numa noite de glória”. Parte do refrão cantada em uníssono.
Mas rapidamente os fãs são desafiados a “abanar o capacete”. “Estão prontos para um bocado de rock n’ roll?”, atira Mein. Durante os cinco minutos seguintes o recinto vibrou com um longo solo de bateria de Mikkey Dee. Ao longo do concerto, o baterista, de 60 anos, acelerou o ritmo, levando à letra os desafios de Meine. “Vá lá, Mikkey, dá-lhes tudo o que tens”. A energia contagiante continua em “Big City Nights”, single lançado em 1984. Já a explosiva “Rock you like a Hurricane” pôs o Parque Tejo a saltar no fecho.
Outros dos veteranos que atuaram na noite do primeiro dia do Rock in Rio foram os suecos Europe. Rodeados por milhares, nem parecia que a banda formada em 1979, estava a tocar num dos palcos secundários do festival. “Carrie” e “Superstitious” também levaram uma dose de nostalgia para aquele lado do recinto.
Já a energia de Joey Tempest, aos 60 anos, é contagiante. O vocalista falou muitas vezes com os fãs, e até saiu do palco para cumprimentar alguns. E, de repente, um cover breve de “No Woman, No Cry” de Bob Marley que apanhou o público de surpresa. Foram vários os êxitos que revisitaram antes de chegarem à tão aguardada contagem final: “The Final Countdown”. Para muitos foi impossível sair daquele espetáculo sem continuar a trautear “ tu-ru-ru-ru tu-ru-ru-ru-tu-tu”. “Vejo-vos em breve. Até à próxima”, despediu-se Tempest.
A animação prolongou-se noite adentro, até à uma da manhã, com Hybrid Theory, banda portuguesa de tributo aos Linkin Park, no Palco Galp.