A artista francesa ocupa quatro pisos do Museu Picasso, em Paris, com uma síntese da sua obra.
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O Museu Picasso, em Paris, abriu ao público em 1985, ocupando o edifício do Hôtel Salé, no Marais, um exemplar da arquitetura mazarine que marca a tendência parisiense a partir de meados do século XVII. Pablo Picasso (ES, 1881-1973), não obstante a sua origem espanhola, começa a frequentar a capital francesa a partir de 1900, acabando por nela se fixar muito cedo e lá tendo vivido a maior parte da sua vida. Picasso, havia inclusive jurado que, no pós-Guerra Civil Espanhola (1936-1939), nem ele nem as suas obras, regressariam a Espanha enquanto Francisco Franco (ES, 1892-1975) fosse vivo. Picasso acaba por falecer antes de Franco e neste ano de 2023 assinalam-se, precisamente, 50 anos sobre o seu desaparecimento. No sentido de assinalar a data, multiplicaram-se as comemorações, em Espanha e em França, e o museu que lhe é consagrado, em Paris, convidou Sophie Calle (FR, 1953) para a apresentação de uma retrospetiva da sua obra, lançando-lhe o desafio de relacionar uma ou mais séries de trabalho com a obra de Picasso e as suas premissas.
Sophie Calle queria realizar um inventário de projetos concluídos, ou seja, pretendia um balanço com uma lista de todos os projetos artísticos realizados desde que iniciou a sua carreira, em 1979, com o célebre “Suite Venitienne” até “The Phantom Picassos”, realizado, no contexto pandémico recente e em que estabelece uma relação muito direta com a obra de Pablo Picasso. No total, contam-se 61 projetos que revelam a sua versatilidade, mantendo a fotografia, a escrita e, sobretudo, a poética do arquivo como grandes tendências da sua produção, que reflete sempre sobre a vulnerabilidade do Ser Humano e as questões viscerais que relacionamos com as identidades e com a sexualidade, nas suas múltiplas dimensões.