Anton Tchékov, Mia Couto, Lobo Antunes, Bernardo Santareno no Teatro Nacional São João
Corpo do artigo
"O outono é a minha primavera porque o teatro vai reabrir". Foi com a citação de "O sonho" de Strindberg que Pedro Sobrado, administrador do Teatro Nacional São João (TNSJ), anunciou, com Nuno Cardoso, diretor artístico, a programação que vai encher as três casas (Teatro Carlos Alberto, TNSJ e Mosteiro de São Bento da Vitória) este outono.
Nesta temporada alicerçada também em dois importantes "braços armados: o editorial e o educativo", foi também anunciado a edição de "Elogio do teatro", de Alain Badiou, título que defende entre outras ideias que quem fosse com uma certa frequência ao teatro deveria pagar menos impostos. Na temporada passada, seriam 82734 espectadores que poderiam ter este privilégio, no TNSJ, o que se traduz numa ocupação de 81% de espectadores em sala.
Ainda que confesse que não pode falar em "desafogo orçamental", Pedro Sobrado comentou que o TNSJ vai ter, em 2024, uma indemnização compensatória de 6 milhões e 200 mil euros, mais 25% face a 2018.
Um setembro de memória
A nova temporada traz três novas produções próprias e uma programação especial para o 25 de abril. "O Canto do Cisne" de Anton Tchékov abre a temporada a 11 de setembro, na Sala Estúdio Perpétuo, data em que a companhia portuense Seiva Trupe celebra 50 anos,com o decano Júlio Cardoso, como protagonista: "uma forte reflexão sobre o que é o teatro e o que é a memória", comentou Nuno Cardoso.
A memória pontua o outono com "As Areias do Imperador", um espetáculo de Victor de Oliveira a partir do romance homónimo de Mia Couto, no dia 17 de setembro. Já o Teatro Carlos Alberto reabre dia 21 para acolher a estreia de "O Salto", um olhar sobre a emigração portuguesa dos anos 1960, com texto e encenação de Tiago Correia da estrutura A Turma. No dia 30, o TeCA recebe "Como se nada fosse" uma criação da associação cultural MEXE com o Grupo de Teatro Comunitário do Bonfim, dirigido por Susana Madeira.
Em outubro, o Teatro Nacional São João volta a receber o Festival Internacional de Marionetas do Porto. Outro dos destaques outonais é a encenação de Bruno Bravo de "O Sonho", do sueco August Strindberg. O espetáculo estreia-se a 7 de dezembro.
"Bernardo Santareno x 2" traz em dose dupla, de 19 a 22 de outubro, obras do dramaturgo, estreadas nos palcos do TNSJ em temporadas anteriores: "A Promessa" (1957) e "O Pecado de João Agonia" (1961), produções onde Santareno manifesta uma oposição, problematizando aspetos de natureza sexual e religiosa. Coproduzida com a ASSéDIO, e com encenação de João Cardoso e a dramaturgia de Regina Guimarães.
Com olhos postos nas comemorações dos 50 anos da revolução, Nuno Cardoso dramatiza o romance "Fado Alexandrino", mas como explicou "ainda não sabe o que vai ser, mas alberga guerra, relações familiares e conservadorismo".
O TNJS lança esta temporada um corpo diplomático com o poeta João Luís Barreto Guimarães, a atriz Carolina Amaral, o comentador político Pedro Marques Lopes e a empresária Francisca Van Zeller.