A partir desta quinta-feira e até domingo, o músico vai apresentar o ciclo “Canta-me histórias” no auditório do Círculo Católico dos Operários do Porto.
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Num espetáculo intimista que intercala a música com a palavra, Tim, mais conhecido por dar voz à banda rock Xutos & Pontapés, vai oferecer ao público uma viagem pela sua própria vasta jornada na música.
O músico originário de Ferreira do Alentejo já está familiarizado com o trabalho a solo: foi em 1999 que se lançou no primeiro álbum, “Olhos Meus”. Mas é apenas um grão de areia numa praia: Tim, além dos Xutos e Pontapés, integrou grupos como Resistência, Rio Grande e Tais Quais. “Canta-me histórias”, apesar de ser um trabalho só seu onde não chegam convidados, tem evidente a sua passagem e pertença a bandas que são indissociáveis de si.
Remonta a 2023 a génese da ideia de um projeto que vem a ser concretizado desde dezembro de 2024 (e que já teve 20 sessões no Cinema São Jorge). Tim reunia as suas letras num livro, que é agora vendido nos espetáculos, e apercebeu-se que havia muitas histórias para partilhar e que valiam a pena.
Apesar do extenso cancioneiro, diz que não passou "por um processo de seleção criterioso para definir quais músicas apresentaria". Cada concerto é único, nas canções e nas histórias que partilha. "Não defini um guião para repetir dezenas de vezes: seria empobrecedor para o público como um todo, ter tantas histórias a partilhar e limitá-las a uma dúzia". É também, acredita, uma forma de o músico evitar cair na monotonia de repercutir o exato concerto incontavelmente.
Cada música surge de uma (ou várias) vivências, que partilha com o público. E cada apresentação conhece uma parte de toda a história de Tim enquanto compositor. E não só: do alinhamento faz parte “Pedra Filosofal”, poema de António Gedeão, musicado por Manuel Freire; o que conta sobre Tim: foi a primeira canção que aprendeu a tocar na guitarra e a cantar. É uma das canções fixas, além da que abre e da que fecha o “Canta-me histórias”.
Não é uma odisseia pela vida do cantor, que obedece cegamente a uma ordem cronológica: a informalidade é primordial nesta apresentação. A escolha das salas onde se reúne com o público reflete isso mesmo: sítios com lotação reduzida (como a sala 2 do Cinema de São Jorge ou o auditório do Círculo de Católicos Operários do Porto – CCOP) permitem um diálogo mais próximo e intimista com a audiência. Sobre ela, revela Tim, é "muito heterogénea: desde os jovens, às famílias com crianças até aos seus coetâneos". Na interação que tem com o público no momento final, em que autografa os livros onde estão compiladas as letras, “Milhares de Palavras", diz receber um balanço muito positivo pelas músicas, mas sobretudo pelas histórias.
A um músico com tantos quilómetros percorridos por uma área geográfica tão grande é inevitável uma questão: se sente diferenças na plateia conforme os lugares por onde passa, ao que Tim responde que “os centros comerciais são iguais em todo o lado, as pessoas são iguais também”.
Os concertos, que vão buscar o nome à música “Conta-me histórias”, dos Xutos e Pontapés, acontecem no Porto, no CCOP, entre 27 e 30 de março e em Lisboa entre 3 e 6 de abril no Cinema São Jorge. Os bilhetes, com um custo de 25 euros, estão à venda na blueticket.