Com "Exit strategy", os Clockworks assinam um álbum conceptual com a assinatura do reconhecido produtor e m+usico Bernard Butler.
Corpo do artigo
A estreia dos Clockworks prometia. Os bons augúrios estavam à vista de todos, especialmente após os elogios às atuações que haviam feito ao abrir para Pixies ou Kings of Leon, por exemplo. Ao saber-se que Bernard Butler, guitarrista original dos Suede, iria assumir a produção, as expectativas ficaram ainda maiores. Pois bem: aí está "Exit Strategy". E é tão bom como todos estavam à espera.
Ao contrário do que o nome indiciaria, esta não é uma estratégia de saída, mas, sim, de uma entrada direta para a lista dos melhores discos do ano. Músicas introspetivas e contemplativas, de indie-pop nostálgico, mas com bastantes laivos de post-punk e uma raiva latente à espreita.
É um álbum conceptual que, à imagem da banda nascida em Galway, Irlanda, mas amadurecida em Londres, Inglaterra, narra a história de uma personagem que viaja da sua terra-natal irlandesa até à capital londrina à procura de uma vida melhor. Ao longo dos 13 temas do disco, o nosso protagonista da classe operária narra, com ricos recursos líricos, os dramas mundanos de quem tenta sobreviver num mundo sem escrúpulos e desenhado apenas para alguns privilegiados.
A produção de Bernard Butler foi certamente um fator determinante para o som fresco da banda. Aqui e ali, até se notam alguns parentescos melódicos entre os saudosos Suede do início dos anos 90. Também é quase impossível não notar algumas influências de Fontaines DC, especialmente nos temas mais ritmados. Foi por influência de Butler que a banda optou por regravar alguns temas que já antes editara em formato single. A nova roupagem, com o seu toque de Midas, melhorou-as bastante oferecendo uma maior preponderância às guitarras, mas sem apagar o toque introspetivo da banda. O som ficou ali dependurada num limbo oscilante entre um indie-pop melancólico e um post-punk niilista.
O resultado final é um belo conto suburbano das agruras do dia-a-dia, movido a melodias emotivas e guitarras firmes e marcantes. Uma estreia auspiciosa e um dos melhores discos do ano.
"Exit strategy"
The Clockworks
Life and Times Recordings