Esta sexta-feira, espera-se o regresso do pianista John Escreet ao Berço e, amanhã, a Orquestra de Guimarães com o octeto de Dzijan Emin fecha o festival
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Não foi um concerto de levantar a plateia o que Wadada deu no grande auditório do Centro Cultural Vila Flor, esta quinta-feira, ainda assim fica o registo dos sons “improváveis” que o histórico trompetista consegue tirar do instrumento. As duas semanas de jazz - doze concertos, jam sessions, workshops, projetos de colaboração e residências - terminam este sábado. O dia de hoje vai ficar marcado pelo regresso de John Escreet a Guimarães, depois de ter passado pelo festival em 2010. No último dia, há concertos desde as 16 horas, primeiro com o trio Luís Vicente, (trompete) Gonçalo Almeida (contrabaixo) e Pedro Melo Alves (bateria) a que se junta a argentina Camila Nebbia (saxofone tenor), segue-se o quinteto (Marcello Cardillo, bateria, Alexandra Ridout, trompete, Gavin Gray, contrabaixo e Dylan Band, saxofone) liderado por Tommaso Perazzo (pianista) que muitos já conhecem das jam sessions que foram animando no Café Concerto do CCVF e no bar do Convívio. O concerto da Orquestra de Guimarães com um octeto macedónio encerra a 33ª edição do festival.
Wadada, ele próprio, acabou por assumir que “we dont care how it sounds” (nós não queremos saber como soa), assumindo o experimentalismo do concerto que deu em Guimarães com Ashley Walters (violoncelo), John Edwards (contrabaixo), Mark Sanders (bateria) e o neto Lamar Smith (guitarra). A nota só chegou no final, para alguns terá sido muito tarde, tivesse ela chegado mais cedo e não haveria tanta gente no grande auditório do CCVF. O concerto valeu pela oportunidade de admirar o virtuosismo de John Edwards e pelo repertório de sons inesperados que Wadada, aos 82 anos, continua a tirar do trompete.
John Escreet apresenta-se, esta noite, à frente de um trio com o contrabaixista, Eric Revis e o baterista, Damion Reid. Este grupo de músicos gravou, em 2022, o albúm “Seismic Shift” que se espera que seja a espinha dorsal do concerto em Guimarães. Todavia, John Escreet tem um lado criativo imprevisível que o leva da mais pura tradição do swing até às fronteiras da música eletrónica, passando pelo be-bop, portanto, nunca se sabe o que poderá acontecer.
Fruto da parceria com a Associação Sonoscopia, no sábado, apresenta-se o trio liderado por Luís Vicente, trompetista português da geração milenar, cuja obra tem sido marcada por um equilíbrio criativo entre o jazz moderno convencional e a improvisação livre. A seu lado, Vicente terá o contrabaixista Gonçalo Almeida e o baterista Pedro Melo Alves, dois nomes que já passaram pelos palcos do Guimarães Jazz. Este conjunto assinou, em 2021, o álbum, “Chanting in the Name Of”. Este sábado, a formação portuguesa será expandida pela contribuição de Camila Nebbia, uma jovem saxofonista argentina, a residir na Alemanha.
Quinteto Tommaso Perazo garantiu jam’s fantásticas
Mais conhecido de quem está a acompanhar o festival é já o Quinteto de Tommaso Perazzo, que tem sido o motor de arranque das muito animadas jam sessions da edição deste ano do festival de jazz de Guimarães. Finalmente, neste último dia, às 18 horas, têm honras de palco, e não faltarão os que os querem ouvir. Mantendo-se alinhado com a heterodoxia que guiou a programação do festival, o concerto de encerramento aponta para uma geografia menos habitual: Macedónia. Dzijan Emin e oito músicos macedónios, vão tocar em conjunto com a Orquestra de Guimarães, num concerto em que se espera que ao formalismo dos músicos clássicos se junte a capacidade de improviso dos que vêm do jazz.