Alerta: Metade das organizações que ajudam mulheres em risco de fecharem em seis meses
Estudo da ONU Mulheres denuncia que se os níveis de financiamento a organizações lideradas por mulheres e de apoio a congéneres, no mundo, arriscam fechar portas antes do final deste ano, num prazo de seis meses
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Mais de metade das entidades que apoiam a população feminina (51%) já interromperam programas de apoio a mulheres e raparigas devido à crise de subfinanciamento. Relatório da plataforma das Nações Unidas vocacionadas para este apoio em contexto de crises humanitárias revela que 47% (quase metade) das instituições que operam em 44 contextos de crise estão no limite das suas capacidades e em risco de desaparecerem ainda antes do ano acabar, caso os cortes e os baixos valores doados se mantenham, deixando desprotegidas milhões de pessoas.
De acordo com a mesma análise, que pode ser consultada aqui, 72% das plataformas já se viram obrigadas a despedir funcionárias por falta de recursos.
Uma situação “crítica”, como descreve em nota pública a chefe de Ação Humanitária da ONU Mulheres, Sofia Calltorp, que cresceu no último ano, após “vários governos doadores importantes terem anunciado cortes significativos na ajuda ao desenvolvimento no exterior”, como se pode ler no relatório. “Com apenas 7% dos 44,79 mil milhões de dólares (39,6 mil milhões de euros) disponíveis para as necessidades humanitárias globais garantidos, todo o sistema humanitário está a ser forçado a reformar-se e a reduzir-se. As organizações locais e nacionais lideradas por mulheres e de defesa dos direitos das mulheres - e as mulheres e raparigas afetadas pela crise que elas servem - estão entre as mais atingidas”, acrescenta o mesmo trabalho.
Dados que chegam mais de um mês dos primeiros alertas deixados pela ONU após a decisão de cortes no financiamento a programas mundiais por parte dos Estados Unidos da América. “O enfraquecimento das organizações lideradas por mulheres e dos direitos das mulheres não é apenas uma crise de financiamento, é uma crise de responsabilização, igualdade e direitos”, indica o relatório, que avança que as entidades estão a “rever as estratégias, a diversificar os modelos de financiamento e a apelar à comunidade internacional para que não lhes vire as costas”.