A plataforma australiana Colletive Shout escreveu carta aberta a pedir que as grandes empresas bancárias de transações online travassem o acesso a cerca de 400 jogo que, tal como o polémico ’No Mercy’, fizessem apologia à violência e aos abusos sexuais sobre mulheres e crianças
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Ao todo, terão sido removidos mais de 400 jogos que fazem apologia à violência e abuso sexual de mulheres, tal como acontecia com o polémico jogo No Mercy. A iniciativa que começou na Austrália, e que está a ser noticiada por vários órgãos daquele país, ganhou dimensão após uma carta aberta dirigida aos altos executivos de sete empresas de pagamentos online apelando a que deixassem de facilitar o pagamento ou lucrassem com a venda destes jogos em torno da violação, incesto e abuso, muitos deles acessíveis a crianças.
A carta aberta dirigida a companhias como Paypal, Mastercard, Visa, Paysafe Limited, Discover e Japan Credit Bureau foi também subscrita por entidades e plataformas nos Estados Unidos da América ou no Reino Unido e quer combater jogos agressivos, violentos e misóginos como Steam e Itchoio.
Recorde-se que a Colletive Shout tinha já sido responsável pela denúncia do polémico jogo ‘no Mercy’ na Australia, sendo um dos países pioneiros a bloquear o aceso ao jogo que rodovia maus tratos, violência, abuso e incesto de mulheres.
Por cá, em abril, o caso acabou por ser entregue ao Ministério Público após queixa da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e a venda na plataforma Steam foi suspensa depois de contestação por eventual discurso de ódio contra as mulheres.
À Delas.pt, porta-voz da CIG explicou que os jogos - tais como estes - são disponibilizados ao abrigo dos "jogos digitais na União Europeia, incluindo Portugal" e são "regulados principalmente ao nível da classificação etária e dos conteúdos através do sistema PEGI (Pan European Game Information)".
Contudo, como informou o mesmo elemento, "este sistema é voluntário e não constitui um mecanismo de censura prévia. Se o jogo for distribuído por plataformas digitais com servidores fora da UE (por exemplo, Steam, G2A, etc.), pode escapar a um controlo mais apertado, o que levanta sérias questões sobre a eficácia da regulamentação vigente, como infelizmente se comprova pelo caso do jogo em questão". Refere, por isso, que "é urgente repensar e atualizar a legislação nesta matéria".