"Sangramento uterino anormal" e dores de cabeça e musculares mais persistentes estão entre os efeitos detetados junto de mulheres que apresentam quadro de covid longa. Estudo franco-britânico estabelece relação
Corpo do artigo
Um novo estudo publicado este mês e levado a cabo por uma equipa de cientistas franco-britânica, liderada por um investigador do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), revela que a Covid Longa pode afetar os ciclos menstruais das mulheres. A análise fala em "sangramento uterino anormal" e incidência mais forte das dores de cabeça e também das musculares.
"Mulheres com Covid longa têm maior probabilidade de apresentar sangramento uterino anormal", escreve a entidade francesa em comunicado disponibilizado após publicação do estudo na revista Nature Communications. E prossegue: "Ao mesmo tempo, os sintomas da doença intensificam-se durante as fases pré-menstrual e proliferativa do ciclo menstrual, nomeadamente fadiga, dores de cabeça e dores musculares".
De acordo com a equipa que fez a investigação - que implicou um inquérito a 12.187 mulheres britânicas, o acompanhamento de 54 mulheres com Covid de longa duração durante três meses, bem como a análise de amostras de sangue e endometriais - "suspeita-se de reação inflamatória após descoberta de aglomerados de células imunes no endométrio das pacientes monitorizadas". Ainda no mesmo comunicado, o CNRS salvaguarda que não foi detetada "nenhuma anormalidade nas hormonas produzidas no ovário". A mesma entidade dá nota de que "fora do contexto da Covid Longa, os sangramentos uterinos 'anormais' atingem uma em cada três pessoas no mundo, causando anemia e impacto socioeconómico".
Atualmente e após estudo elaborado cinco anos após a pandemia, estima-se que uma em cada dez pessoas não sabe se tem ou não a doença, fruto da inflamação pós-Covid, e que se caracteriza por sintomas como cansaço, nevoeiro cerebral, tonturas, falta de ar e dores musculares. Dados mundiais apontam para uma incidência da patologia na ordem dos 3 a 7% da população mundial, sendo importante sublinhar que, para a Organização Mundial da Saúde, os distúrbios decorrentes da Covid longa devem durar pelo menos dois meses e, principalmente, não podem ser explicados por mais nenhuma outra razão.