
Eden Golan representou Israel na edição do Festival Eurovisão da Canção em 2024
Direitos reservados
A decisão pela permanência de Israel no certame, apesar dos anúncios de boicote por parte de vários países, foi tomada em assembleia-geral da União Europeia da Radiofusão. Espanha, Irlanda e Países Baixos já anunciaram que não vão integrar o concurso que vai ter lugar em maio de 2026, na Áustria, e um dos programas mais vistos do mundo.
"O conselho de administração da RTVE [televisão pública espanhola] concordou em setembro passado que a Espanha se retiraria da Eurovisão se Israel fizesse parte dela. Esta retirada também significa que não transmitirá a final da Eurovisão 2026, nem as semifinais preliminares."
A posição da empresa pública de media foi revelada esta quinta-feira, 4 de dezembro, e depois de a União Europeia da Radiofusão (EBU no acrónimo original) ter votado em torno as novas regras de votação no concurso e pela permanência de Israel no certame que terá lugar a 12, 14 e 16 de maio, em Viena, Áustria.
Em comunicado, a EBU sustentou que "uma grande maioria dos presentes concordou que não havia necessidade de uma nova votação sobre a participação e que o Festival Eurovisão da Canção 2026 deveria prosseguir conforme o planeado, com as salvaguardas adicionais em vigor". A presidente da EBU, Delphine Ernotte Cunci, afirmou que "o resultado desta votação demonstra o compromisso partilhado dos nossos membros em proteger a transparência e a confiança no Festival Eurovisão da Canção, o maior evento de música ao vivo do mundo."
Numa nota tornada pública pela estação espanhola, o secretário-geral Alfonso Morales transmitiu à Assembleia Geral que as medidas adoptadas pela EBU "são insuficientes", que a Eurovisão "negou à RTVE uma votação específica sobre a participação de Israel" e que "a situação humanitária em Gaza e a utilização da competição por objectivos políticos por parte de Israel tornam cada vez mais difícil manter a Eurovisão como um evento cultural neutro". "A liderança da UER e da Eurovisão em relação à participação de Israel está a causar uma das maiores tensões internas na história da organização", lê-se no comunicado.
A emissora holandesa Avrotros também já reiterou a sua posição e afirma, como cita a estação pública britânica BBC, que "a participação nas atuais circunstâncias é incompatível com os valores públicos que nos são essenciais". É expectável que a Irlanda, a Eslovénia e a Islândia se juntem a este boicote uma vez que já tinham anunciado isso a 16 de setembro.
"A RTÉ considera que a participação da Irlanda continua a ser inconsistente, dada a terrível perda de vidas em Gaza e a crise humanitária que continua a colocar em risco a vida de tantos civis", refere a nota tornada pública pelo serviço de media irlandês, que se junta, assim, oficialmente, ao boicote à Eurovisão. E prossegue: "A RTÉ continua profundamente preocupada com o assassinato seletivo de jornalistas em Gaza durante o conflito e com a contínua negação de acesso a jornalistas internacionais ao território."
De entre os temas que estavam a ser votados pelos membros da EBU estava em causa as acusações de práticas de votação injustas e a situação humanitária em Gaza por Israel. A votação a estes temas foi feita de forma secreta e a EBU revelou agora em comunicado que "uma grande maioria dos membros concordou que não havia necessidade de uma nova votação sobre a participação e que o Festival Eurovisão da Canção 2026 deveria prosseguir conforme planeado, com as salvaguardas adicionais em vigor".

