Irlanda, Países Baixos, Eslovénia, Islândia e agora Espanha ameaçam boicotar a sua participação no festival da Eurovisão se Israel for autorizado a participar depois das ações que têm tomado sobre a Faixa de Gaza. Eurovisão deverá tomar decisão a meio de dezembro
Corpo do artigo
Espanha é o mais recente país a anunciar que ameaça não vai participar no Festival da Eurovisão de 2026 se a entidade promotora do evento não tomar medidas concretas sobre a presença de Israel e na sequência do conflito sobre a Faixa de Gaza.
A decisão espanhola foi tomada nesta terça-feira, 16 de setembro, e na sequência da votação por "maioria absoluta" - 10 votos a favor e quatro abstenções - levada a cabo no Conselho de Administração, como anunciou o presidente da RTVE, José Pablo López, numa publicação na rede social X. "Espanha retirar-se-á da Eurovisão se Israel continuar no certame", escreveu.
O país vizinho junta-se a países que, ao longo das últimas duas semanas, tinham já demonstrado esta intenção como Irlanda, Países Baixos, Eslovénia, Islândia. Contudo, Espanha é um dos 'Big Five' - países com participação assegurada na final todos os anos por contribuírem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão - a tomar esta posição de boicote ao certame.
Estas decisões devem-se aos ataques militares de Israel no território palestiniano da Faixa de Gaza, que o Governo espanhol classifica como um genocídio.
A organização European Broadcasting Union afirmou na semana passada que estava em processo de consulta aos seus membros para perceber como "lidar com as tensões geopolíticas" em torno do concurso, que irá decorrer entre 12 e 16 de maio, em Viena, Áustria, e apontava, segundo a Associated Press, uma resposta para meados de dezembro. Recorde-se que a Rússia foi banida do certame na sequência da invasão à Ucrânia, em 2022.
Recentemente tem vindo a público que a organização teria dado a Israel a possibilidade de sair temporariamente ou competir com uma bandeira neutra, contudo a EBU já terá desmentido qualquer sugestão. O site norte-americano The Hollywood Reporter citava, na segunda-feira, 15 de setembro, fonte oficial da entidade dizendo que "não foi feita qualquer proposta ao Kan [ao serviço de televisão israelita] visando a participação na próxima edição da Eurovisão". E reiterou: "A consulta com todos os membros da EBU está em andamento e nenhuma decisão será tomada até que o processo seja concluído." O mesmo site avança que a plataforma afirmou que compreende as preocupações e opiniões em torno do conflito em curso no Médio Oriente", mas que os membros ainda estão a ser consultados "para recolher opiniões sobre como gerir a participação e as tensões geopolíticas em torno do Concurso Eurovisão da Canção", refere o The Hollywood Reporter.
Na sexta-feira passada, o diretor do Festival Eurovisão da Canção, Martin Green, disse à agência de notícias AFP que cada membro da EBU pode decidir livremente se quer ou não participar no concurso e que essa decisão será respeitada.
Nesta terça, 16 de setembro, a comissão internacional independente de investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza desde o início da guerra no território, em 7 de outubro de 2023, com a "intenção de destruir" os palestinianos. "Nós chegamos à conclusão que um genocídio acontece em Gaza e vai continuar a acontecer, sendo que responsabilidade cabe ao Estado de Israel", disse a presidente desta comissão, Navi Pillay, ao apresentar hoje o relatório da investigação da Comissão da ONU sobre os crimes cometidos nos territórios palestinianos ocupados.