"Miss Apito "quer trazer tolerância, união e raparigas para os relvados do futebol

Instagram/Miss Apito
Há cerca de uma década que Isabel Zambujal imaginava a história de uma menina que sonhava ser a melhor árbitra de futebol, mas agora a trama chega com ilustrações, à boleia da atualidade - mais árbitras mulheres, a seleção feminina portuguesa no mundial de futebol, em 2023 - e da sua história pessoal: "Adoro futebol, a minha família sempre viveu muito o futebol. A minha avó paterna lia A Bola, tinha os dois filhos a trabalharem lá", revela a escritora.
Uma rapariga com superpoderes, que ambiciona ser a melhor árbitra de futebol do mundo, é a protagonista de "Miss Apito entra em campo", abrindo uma nova coleção literária para crianças, assinada por Isabel Zambujal. "Este livro não é sobre futebol. O futebol é apenas uma ferramenta muito poderosa, que embrulha aqui o propósito de falar em temas tão importantes como a inclusão, a partilha, a união, a tolerância", afirmou a escritora à agência Lusa.
"Miss Apito", com ilustrações de Raquel Costa, é um livro para crianças e jovens que apresenta Irene, uma menina de sete anos que herdou do pai o amor pelo futebol e de quem ouvia histórias sobre campeonatos, sobre os melhores futebolistas, hinos, troféus e também sobre árbitros.
Um dia, Irene teimou que queria ser árbitra de futebol, só respondia pelo nome Miss Apito e, aos 14 anos, como por magia, ganhou dois superpoderes muito desejados: consegue percorrer um campo a fazer o pino e os olhos veem vários ângulos ao mesmo tempo, como se fosse um videoárbitro.
À medida que cresceu, Irene concretizou também o desejo de nunca envelhecer, mantendo sempre a energia de uma adolescente de 14 anos. Os contornos de fantasia do livro estendem-se ainda ao peluche de estimação de Irene, um polvo chamado Paul II que ganha vida e se torna uma mascote.
Persistente e com espírito de liderança, Irene impulsionou, a partir da escola onde estudou, a criação de um campeonato mundial de futebol com professores, com a ajuda de alunos, levando-os em viagem pela história dos países que acolheram mundiais de futebol, a começar pelo Uruguai.
Isabel Zambujal tinha esta coleção literária e a personagem Miss Apito guardadas há mais de uma década, mas só há dois anos é que a concretizou com uma bolsa literária da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas.
A escritora recordou que foi numa altura em que surgiram mais árbitras mulheres, em que a seleção feminina portuguesa participou no mundial de futebol (em 2023), e em que aconteceu "o escândalo Rubiales" em Espanha, com o ex-presidente da federação espanhola de futebol, Luís Rubiales, e um beijo não consentido à jogadora Jenni Hermoso.
"Achei que foi o tempo certo e candidatei-me à bolsa. E depois adoro futebol, porque a minha família sempre viveu muito o futebol. A minha avó paterna lia A Bola, tinha os dois filhos a trabalharem lá", disse a escritora, numa referência ao pai, o jornalista Mário Zambujal, e ao tio, o caricaturista Francisco Zambujal.
Isabel Zambujal, 60 anos, autora de mais de duas dezenas de livros para crianças, diz que "o futebol não é só dos que querem vencer, é também dos que querem manter a justiça", nomeadamente de quem arbitra, num "trabalho dificílimo em termos emocionais e em termos físicos".
"Miss Apito" é também o nome da coleção à qual Isabel Zambujal quer dar continuidade, promovendo uma ideia de positividade sobre desporto junto dos mais novos. "E que eu gostava ainda, daqui a alguns anos, era que houvesse uma fundação Miss Apito a dar apoio a miúdos com problemas de saúde mental, porque é muito importante falar sobre isso", disse.
Além de "Miss Apito", que acaba de ser publicado pela Livros Horizonte, Isabel Zambujal editou este ano a versão em banda desenhada de um dos seus primeiros livros, "Glória, a menina que sorria a dormir", com desenho de João Espírito Santo, e que dará origem a uma série de animação de televisão luso-brasileira, atualmente em produção.
