Mulheres sobreviventes de cancro sentem mais cansaço e depressão do que os homens
A disparidade entre mulheres e homens sente-se também na recuperação de um cancro. Estudo identifica sequelas mais severas no sexo feminino ao nível da depressão e do cansaço
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Estudo revelado esta semana, na reunião anual da Associação Americana de Pesquisa do Cancro, em Chicago, nos Estados Unidos da América, revela que as mulheres sobreviventes do cancro reportam uma probabilidade de fadiga 1,5 vezes mais alta do que os homens em iguais circunstâncias. A análise apresentada, que será ainda sujeita a revisão pelos pares, indica que, em inquérito, as mulheres identificaram 69% mais hipóteses de relatar fadiga e 58% mais probabilidade de manifestar depressão, sequelas decorrentes da doença.
O estudo auscultou as respostas de 1555 adultos que enfrentaram e superaram a doença, incluindo perguntas em torno do quanto se sentiam desesperados, da dificuldade em dormir e perda de apetite e tipo de atividades físicas em que participaram. Apesar da amostra reduzida, os investigadores creem que as conclusões podem ser extrapoladas para 25 milhões de sobreviventes em mais de 20 tipos diferentes de cancro, entre eles os da mama, colo do útero, pele, cólon e próstata.
“Atendi muitos pacientes com cancro, tanto em clínica quanto em ambientes de internamento, e a fadiga relacionada a doença foi uma das queixas mais frequentes que os doentes levantaram”, afirmou a autora do estudo e médica do NYC Health + Hospitals/Jacobi e Albert Einstein College of Medicine. Simo Du afirmou, citada em nota do estudo (cuja síntese pode ser consultada no original aqui), que “tal impacta não apenas as atividades diárias, mas também a qualidade de vida e saúde mental em geral, tornando cansativas tarefas como subir escadas, fazer compras ou lavar roupa.”
A especialista considera que estas novas conclusões devem convocar os clínicos para a “importância de prestar especial atenção e focar em intervenções personalizadas, como programas de exercícios, grupos de apoio e técnicas comportamentais mente-corpo para grupos vulneráveis, para ajudar a controlar eficazmente a fadiga e melhorar a participação em atividades recreativas, pois são um aspeto essencial da qualidade de vida”.