Podem ser de origem hormonal, comportamental, lifestyle ou metabólica e, por isso, as tipologias de barrigas têm formas e impactos diferentes na saúde, exigindo medidas distintas entre si. A receita está longe de ser igual para todos e a nutricionista Margarida Sá aponta caminhos para cada uma delas
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Grandes, médias, pequenas, mais robustas, mais flácidas, pontiagudas ou redondas, descaídas,… As barrigas podem assumir múltiplas formas e têm sempre sobre si uma longa má fama quando começam a surgir. Uma desconsideração que, como é do conhecimento geral, se agudiza quando a contagem decrescente para pisar os areais da praia começam a ecoar um pouco por toda a parte. E se nada se resolve sem esforço, nem trabalho continuado, certo é que cada tipo de barriga requer cuidados e formas de atuar diferentes, sob pena de a diligência estar a ser encaminhada para um beco sem saída.
Lembrando que a “acumulação de gordura abdominal é uma das preocupações de saúde e estéticas mais comuns em qualquer faixa etária”, Margarida Sá, nutricionista na Clínica Leite, recomenda “estratégias para reduzir” este volume, tendo em conta “os tipos de gordura” que podem existir.
Afinal, como acrescenta esta especialista, a gordura abdominal “está intimamente ligada ao aumento do risco metabólico e cardiovascular”. Nesse sentido, prossegue, importa “adotar estratégias nutricionais direcionadas e eficazes a longo prazo”, sem nunca descurar a prática de exercício físico.
Veja tipos de barrigas e comportamentos alimentares mais adaptados para as debelar
Gravidez e pós-parto: “A recuperação deve ser gradual e é importante que, nesta fase, sejam evitadas dietas muito restritivas, principalmente se estiver a amamentar, e alimentos ricos em sal e açúcares 'ocultos'. Por outro lado, a alimentação deve ser rica em fibras e proteína, essenciais para a saciedade, bem como alimentos ricos em ferro e cálcio (leguminosas e hortícolas de folha verde-escura)”, recomenda a nutricionista. Margarida Sá sublinha que, nesta fase da vida da mulher, “existem fatores hormonais incontornáveis, como a retenção de líquidos e a adaptação física, que contribuem para a acumulação de gordura abdominal”.
Mudanças hormonais e menopausa: “A diminuição dos níveis de estrogénio na menopausa favorece uma redistribuição da gordura corporal com maior tendência à acumulação abdominal e visceral, mesmo que não tenha existido para isso uma diminuição na atividade física ou alterações nos hábitos alimentares”, lembra a especialista, vincando que o que é “visceral “ indica proximidade a ”órgãos” e está “associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares e resistência à insulina”.
Explicada que está esta condição, é tempo de encontrar caminhos para melhor lidar com ela. Para a nutricionista, “devem ser evitados açúcares simples e bebidas alcoólicas, bem como gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados”. É tempo de privilegiar, considera Margarida Sá, “os alimentos ricos em fibra e fitoestrogénios - soja, leguminosas, cereais integrais -, especialmente para mulheres que não fazem terapia hormonal, embora os efeitos variem de pessoa para pessoa”. “Por fim, preferir sempre proteínas magras (carne, peixe e lacticínios) e gorduras 'boas' (azeite e as nozes)”, acrescenta a especialista em resposta por escrito à Delas.pt.
Stress e cortisol: A exposição crónica ao stress, que promove a produção de cortisol, está ligada ao aumento da gordura visceral e consequente inflamação. Margarida Sá alerta que para “reduzir este impacto, a alimentação deve ser focada na estabilização dos níveis de glicose/açúcar no sangue e redução da inflamação”. A nutricionista das Clínicas Leite recomenda maior consumo de “alimentos ricos em magnésio e triptofano como aveia integral, sementes, espinafres, frutos secos e banana”. “O chá verde e a curcuma, pelas suas propriedades antinflamatórias também são bons aliados, ao contrário do café, bebidas energéticas e açúcar refinado que devem ser evitados”, acrescenta, recomendando a ingestão de “várias refeições ligeiras ao longo do dia”.
Hábitos de consumo de bebidas alcoólicas: Verão é também, para muitos, sinónimo de ingestão de bebidas alcoólicas frescas. Se o problema já vem de trás, aqui corre o risco de se avolumar. Mas se o objetivo é abater esta tipologia de barriga, Margarida Sá recomenda a “redução ou eliminação do consumo de bebidas alcoólicas e adotar uma alimentação baseada na dieta mediterrânica, rica em frutohortícolas, cereais integrais, carne/peixe”. A especialista reitera que “o álcool é das causas com mais evidência sólida no que diz respeito à acumulação de gordura abdominal, sobretudo visceral” e que “as ‘calorias líquidas’, mesmo que em quantidades moderadas, estão associadas a uma alteração o metabolismo lipídico e, muitas vezes, escolhas alimentares menos equilibradas”.

