
Portugal pode celebrar, amanhã, o primeiro título mundial de motociclismo de pista. Depois de uma recuperação incrível, Miguel Oliveira só precisa de um "pequeno" milagre em Valência. A tarefa não é fácil, mas a história do desporto português lembra que não há missões impossíveis!
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Para que Miguel Oliveira se sagre campeão mundial de Moto3, o líder do mundial , Danny Kent, precisa terminar abaixo do 14.º lugar e o português subir ao lugar mais alto do pódio.
Relembre outras grandes momentos do desporto português em que a vitória parecia improvável, *a partida.
O dia em que o Leixões entrou para a história
Depois da vitória na final da Taça de Portugal de 1961 frente ao F. C. Porto, o Leixões estreou--se nas competições europeias na época seguinte e tudo indicava que o percurso na Taça dos Vencedores das Taças seria curto. Afinal, na primeira mão da primeira eliminatória, os "bebés" perderam na Suíça frente ao La Chaux-de-Fonds, por 6-2. Mas a desforra não se fez esperar no antigo Campo de Santana: Osvaldo Silva fez os dois primeiros golos, Oliveirinha imitou o colega na segunda parte e Vandinho fez o 5-0 para a história. Até hoje, mais nenhuma equipa recuperou de quatro golos de desvantagem numa eliminatória sem contar com a regra de golos marcados fora.
Quando a águia acabou com a era Real
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O primeiro título europeu do Benfica foi conquistado de forma épica. Na final de Amesterdão, em 1962, as águias tinham pela frente nada menos que o Real Madrid, que tinha conquistado as cinco primeiras edições da Taça dos Campeões Europeus. E os merengues começaram por confirmar o favoritismo que lhes era atribuído: aos 23 minutos já ganhavam 2-0 (golos de Puskas), mas o Benfica não se deixou abater. Empatou através de Águas e Cavém, apenas para o astro húngaro fazer o 2-3 antes do intervalo. Mas a segunda parte mudou a história para sempre, com Coluna a empatar a três, antes de começar o mito Eusébio: dois golos do pantera e o título europeu na Luz.
O pesadelo do United em Alvalade
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O futebol português vivia dias de glória e o Sporting escreveu a sua própria história em 1963/64. A época em que o leão conquistaria a Taça dos Vencedores das Taças (único troféu europeu do clube no futebol), acabou com o "cantinho do Morais" na final, mas os quartos de final da prova não foram menos emocionantes. O Manchester United venceu a primeira mão por 4-1 e, com uma equipa onde brilhavam Bobby Charlton e George Best, ninguém acreditaria na reviravolta. Mas Osvaldo Silva, o mesmo que levou o Leixões à glória, tinha outras ideias. Com um hat-trick do brasileiro e golos de João Morais e Géo, o Sporting venceu 5-0, numa das noites mais perfeitas de sempre em Alvalade.
Eusébio contra toda a Coreia do Norte
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O terceiro lugar no Mundial de 1966 é, até hoje, o melhor resultado de sempre de Portugal em Campeonatos do Mundo. Mas a história poderia perfeitamente ter sido outra. Nos quartos de final, a desconhecida Coreia do Norte chocou o Mundo e, aos 25 minutos da primeira parte, já vencia por 3-0. O Estádio Goodison Park, em Liverpool, abria a boca de espanto, como espantado ficou com a reação lusa. É que Eusébio ainda não tinha entrado realmente no jogo e, quando o fez, tudo mudou: o pantera negra marcou quatro golos (dois de grande penalidade) no espaço de 32 minutos entre a primeira e a segunda parte e virou de avesso um jogo que José Augusto sentenciaria com o 5-3 final.
O sonho que deu no milagre de Estugarda
Vinte anos depois do terceiro lugar no Mundial de 1966, Portugal procurava a segunda presença em fases finais de Campeonatos do Mundo. Mas o cenário era negro: a seleção tinha de ganhar na Alemanha, equipa que nunca tinha perdido qualquer jogo de qualificação em casa, e esperar pela vitória da Checoslováquia frente à Suécia. Os checos ganharam mesmo e o selecionador português, José Torres, pedia: "Deixem-me sonhar". E sonhou mesmo. Depois de um massacre germânico à baliza de Manuel Bento - três bolas aos ferros e uma grande exibição do guarda-redes -, Carlos Manuel encheu-se de fé e marcou o golo do milagre de Estugarda. Portugal estava no México 1986.
Hóquei portista no topo europeu
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A primeira Taça dos Campeões Europeus conquistada pelo F. C. Porto não aconteceu em Viena. Aconteceu um ano antes (1986) e foi conquistada, com muito sofrimento e igual entrega pela equipa de hóquei de patins. Os dragões chegaram à final, então disputada a duas mãos (o vídeo mostra o 1º jogo), e pela frente apanharam a poderosíssima equipa italiana do Novara. O jogo na Invicta correu bem, com a equipa de Cristiano Pereira a vencer por 5-3. A vantagem era curta e mais curta ficou quando, ao intervalo da segunda mão em Itália, os transalpinos venciam por 5-1. As bancadas já faziam a festa, mas era cedo demais: os portistas viraram o jogo, venceram por 7-5 e levantaram o troféu inédito.
Carvalho deu a volta à Volta em 1990
A Volta a Portugal em ciclismo de 1990 terminou de forma inesperada. Quando Joaquim Gomes conquistou a etapa do Fundão com um ataque espetacular que lhe deu 2,21 minutos de vantagem sobre os rivais, ninguém acreditaria que o ciclista da Sicasal voltasse a despir a camisola amarela. Porém, nos dias seguintes, Fernando Carvalho (Ruquita--Feirense) foi reduzindo a desvantagem até que chegou o decisivo contrarrelógio da última etapa. Gomes partiu para o "crono" da Maia com 36 segundos de vantagem e todo o favoritismo para os últimos 21 quilómetros da Volta, mas Fernando Carvalho arrasou na luta contra o relógio e venceu a Volta com 23 segundos de vantagem.
Geração de ouro brilha em Eindhoven
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A participação no Euro 1996 tinha acabado em desilusão com o chapéu de Poborsky e, depois de falhar o apuramento para o Mundial de 1998, Portugal entrou com o pé esquerdo no Euro 2000. Em Eindhoven, a Inglaterra só precisou de 18 minutos para fazer o por 2-0 (Scholes e McManaman), mas a reviravolta estava a caminho e nasceu no pé direito de Luís Figo, que só terminou no fundo da baliza de David Seaman. Mais 15 minutos e uma jogada fantástica da equipa permitiu o salto do peixe de João Vieira Pinto para o 2-2, com Nuno Gomes a completar, na segunda parte, a reviravolta. Portugal estava lançado para uma campanha incrível, que acabou na mão direita de Abel Xavier na semifinal com a França.
O calcanhar de Madjer na valsa de Viena
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O dia 27 de maio de 1987 está gravado em letras douradas na história do F. C. Porto. Foi um Estádio Prater cheio de adeptos alemães que viu o colosso Bayern de Munique fazer o que quase todos esperavam: ganhar vantagem no marcador com um golo de Kogl na primeira parte. O F. C. Porto, a disputar a segunda final da sua história, foi para o intervalo a perder e voltou ao relvado disposto a reescrever o argumento da final da Taça dos Campeões. E quem não se lembra do golo de calcanhar de Madjer que deu no empate, da incrível jogada de Futre que merecia golo, e do decisivo salto, ao segundo poste, de Juary? Nascia o F. C. Porto das grandes conquistas europeias.
Todos a correr com Fernanda em Atlanta
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A madrugada do dia 2 de agosto de 1996 marcou uma das mais incríveis vitórias portuguesas no atletismo. Nos 10 mil metros dos Jogos Olímpicos de Atlanta, Fernanda Ribeiro não partia como principal favorita, apesar de campeã europeia e mundial. O favoritismo era da chinesa Wang Junxia, recordista mundial da distância, e que, a 400 metros do final, lançou um ataque arrasador. Fernanda Ribeiro sofreu, sofreu e sofreu, mas à entrada da última volta ainda tinha cerca de 20 metros de atraso para Junxia. E os últimos 200 metros foram simplesmente épicos, com a portuguesa a ultrapassar a rival na reta da meta para se sagrar campeã olímpica.
