A. F. Porto assinala 108.º aniversário confiante em retomar o rumo desviado pela pandemia
A Associação de Futebol do Porto celebra esta segunda-feira o 108.º aniversário. Em tempos de pandemia, a comemoração foi singela, com o presidente José Manuel Neves a afirmar ao JN que os próximos tempos serão de muito trabalho para recuperar dos efeitos causados pela covid-19.
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"Este é um aniversário dos mais desafiantes, porque trazem oportunidades em vários sentidos, a principal delas, foi que a pandemia nos deu outras evidências para estarmos na vida e sabermos o que realmente é importante. Fomos a primeira associação a parar os campeonatos, apesar da contestação de outras, porque consideramos que o mais importante era proteger a vida e a saúde das pessoas. Demos os passos que tínhamos de dar e aprendemos como lidar com uma situação que ainda não é totalmente conhecida a extensão e os efeitos", começou por avançar ao JN o dirigente da maior associação do país.
José Manuel Neves salientou, também, que desde a interrupção dos campeonatos distritais, em março passado, que a preocupação da A. F. Porto "foi a de acompanhar a vida dos associados para ir de encontro às suas necessidades", pois a quebra financeira provocada pela pandemia foi muito acentuada. "Teremos muito trabalho pela frente, pois a falta de público nos estádios reflete-se em vários pormenores: na falta de apoio dos sócios junto do clube, na falta da publicidade local e de patrocinadores, que são uma fonte de rendimento muito importante para os clubes distritais. Além disso, esta crise afetou muito as empresas, que estão a atravessar dificuldades económicas, o que piora ainda mais o panorama", complementou o presidente.
Por o futuro ser uma incógnita, prefere não traçar grandes planos. "Não sabemos o dia de amanhã, não sabemos se os jogos vão ter público, não sabemos verdadeiramente quando se vão iniciar, porque a Direção Geral de Saúde e a Federação Portuguesa de Futebol ainda não o fizeram. Estamos todos um bocadinho expectantes sobre o que é o amanhã", referiu o dirigente máximo da A. F. Porto, continuando: "Neste momento somos um barquinho no meio de um tsunami. Não sabemos o tempo que irá demorar esta pandemia, qual medicamento irá aparecer, quando vai aparecer, não sabemos que vacina virá e quando virá. Portanto, é tudo uma série de 'ses'".
E justifica: "Só quando as recomendações das autoridades de saúde estiverem em cima da mesa é que nós nos poderemos ajustar as medidas, até lá é prematuro falar sobre a sobrevivência dos clubes distritais".
Mas não se pense que a A. F. Porto está parada. "Já temos calendarizado o sorteio dos campeonatos, que será na quarta-feira à noite, isto significa que a associação está preparada para iniciar as provas distritais", assegurou José Manuel Neves, ressalvando, contudo: "Agora, esses campeonatos virão com condicionantes e são essas condicionantes que não sabemos quais são. Só poderemos tomar medidas, quando soubermos o que temos pela frente. Qualquer medida que hoje pensássemos, podia não ter aplicabilidade prática. Depois de sabermos quais são as recomendações vamos verificar que tipo de medidas e em que condições podemos recomeçar os jogos".
E concluiu: "Isto significa fazermos navegação à vista, vivermos um dia de cada vez e hoje [segunda-feira] é um bom dia pois são os 108 anos da A. F. Porto. É um dia bonito, temos de estar todos felizes e trabalhar em frente. Não podemos pensar só na pandemia. Temos de saber que amanhã é outro dia e que o futuro chegará mais risonho".