Protestos nos estádios, que interromperam jogos, levaram a DFL a ceder na intenção de fazer acordos com investidores.
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O que estava em causa não parecia assim tão relevante, mas grande parte dos adeptos, principalmente dos clubes das duas principais divisões, não se fiou. A votação favorável à venda de uma percentagem dos direitos comerciais da Bundesliga e da 2.ªBundesliga a um investidor, em troca de dinheiro para uma suposta modernização e internacionalização do futebol alemão, foi vista como o primeiro passo de um processo que escancaria as portas a uma espécie de privatização dos clubes e que deitaria abaixo a regra 50+1%, sagrada para os adeptos por estipular que são sempre os sócios e o clube, e não um qualquer investidor ou uma SAD suspeita, a deter a maioria do capital e a determinar as decisões mais relevantes. Por isso, os adeptos não se ficaram, contestando ainda os contornos da votação, e foram bem sucedidos. Esta semana, a liga alemã resignou-se: “A continuação deste processo não parece possível”.
Os protestos, pacíficos mas incisivos – “é preciso incomodar, perturbar” –, que levaram a este volte-face começaram logo após a votação, em dezembro, mas subiram de tom nas últimas semanas. Com recurso a bolas de ténis, cadeados, moedas de chocolate, carros telecomandados e outros artefactos mais ou menos criativos, as reclamações foram gerais, abrangeram praticamente todos os estádios e causaram o único transtorno de levar à interrupção de jogos. À revista “Kicker”, Helen Breit, representante de um grupo de adeptos, explicou a contestação com a “excessiva comercialização e o facto de o futebol ser visto apenas como um produto, sem possibilidade de participação dos adeptos”. Kristina Schroeder, outra representante, apontou à “France 24” que o facto de “os clubes alemães serem dos adeptos é o que os torna realmente especiais”.