Câmara de Matosinhos diz que obras vão garantir melhores acessos e uma bancada com condições.
Corpo do artigo
Construído com o dinheiro da venda de cabazes de sardinha, a "memória viva dos pescadores" de Matosinhos, aos poucos, está a desvanecer-se. Os adeptos do Leixões estão indignados com o que consideram ser a "delapidação" do Estádio do Mar e a revolta ficou expressa nas faixas com mensagens de protesto colocadas junto ao estádio e à Câmara. Em causa estão as obras na envolvente que afetaram o estádio. Também a demora na conclusão dos trabalhos no campo Óscar Marques, destinado à formação, merece muitas críticas.
A Câmara explica que está a executar um conjunto de arruamentos para melhorar os acessos em Matosinhos e na Senhora da Hora, obras previstas desde 2008 e na sequência de uma venda de terrenos por parte do Leixões à Autarquia.
Mas a situação atual do Estádio do Mar gera preocupação. Num cenário sem pandemia, "não havia condições" para receber público no Estádio do Mar, assegura o presidente do Leixões, Jorge Moreira, recordando que o recinto "é muito mais do que um estádio de futebol".
"Vieram a delapidar tudo aquilo que o meu avô e o meu pai se esforçaram para construir. Vi muitas vezes o meu pai escrever num livrinho todos os valores que descontava do dia de pesca. Isto é uma lança no meu coração", lamenta Agostinho Sá Pereira, 58 anos.
À procura de solução
Sem casas de banho, bar ou bilheteira, Jorge Moreira explica ao JN que está à procura "de uma solução que permita o estádio funcionar" e lamenta que estejam a ser feitas obras que "não atenderam ao facto de existir ali um estádio". Quanto às críticas de adeptos sobre o silêncio que tem demonstrado sobre o tema, o dirigente garante: "Não há ninguém mais preocupado do que nós e temos falado e trabalhado com a Câmara todas as semanas".
Para João Vasco, 35 anos, o clube "merecia mais respeito" e a Autarquia deveria "ter tido mais responsabilidade em garantir que o Leixões nunca sairia prejudicado". "Custa-nos a acreditar que esta Autarquia esteja a delapidar o património do clube", confessa António Santos, 52 anos.
A Câmara garante que o Estádio do Mar ficará com melhores acessos e que a nova bancada terá todas as condições, ao contrário do que acontecia até agora com a bancada Norte: "um conjunto de degraus pré-fabricados assentes em cima de pequenos muretes". Acrescenta que nenhuma outra zona do equipamento desportivo será afetada.