Roger Schmidt entregou a primeira parte a um perdulário F. C. Porto, mas corrigiu a mão para dar a Supertaça ao Benfica. Pepe e Sérgio Conceição expulsos num final quente e polémico.
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Emoção, muitas polémicas e alguns rasgos de génio para começar 2023/24. Houve entrada em falso, um oceano azul de maré absolutamente vazia e uma águia que se libertou da jaula construída pelo próprio treinador para levantar a oitava Supertaça Cândido de Oliveira, após vencer o F. C. Porto. O campeão nacional ganhou, aos pontos, o primeiro “round” frente ao detentor da Taça de Portugal, que viu Pepe ser expulso e Conceição seguir o caminho do capitão, após uma novela bem teimosa com o árbitro Luís Godinho que vai dar que falar.
A transferência de Gonçalo Ramos para o PSG marcou, e de que forma, a disputa do primeiro troféu da nova temporada. Sem o internacional português, Roger Schmidt deixou Musa no banco e apostou num ataque móvel com Rafa, João Mário e Di María, opção que foi uma autêntica prenda para o F. C. Porto. Os dragões foram donos e senhores da primeira parte e, aos 10 segundos, logo após a saída de bola, Galeno falhou a primeira oportunidade, com o extremo a perder mais duas chances de ouro, num exemplo seguido por Taremi e Namaso. A pressão encarnada não existia, o primeiro remate, inofensivo, surgiu aos 18 minutos e o intervalo chegou com a clara sensação de que as águias tinham escapado de boa.
Roger Schmidt deve ter percebido o mesmo e corrigiu a mão para o início da segunda parte, ao lançar Musa e Jurásek. Com um ponta de lança de raiz e Aursnes a perceber, finalmente, os terrenos que tinha de pisar, o clássico tornou-se equilibrado e, aí, os erros e a qualidade técnica fizeram a diferença. Um mau passe de Pepê permitiu a Kokçu lançar Di María e o argentino não se fez rogado para o 1-0. Mais sete minutos e nova desatenção da defesa portista a estender a passadeira para Rafa assistir Musa para o segundo.
Conceição prescindiu do amarelado Eustaquio e, pouco depois, de Grujic, com o dragão a imitar o caos tático que o Benfica tinha vivido na primeira parte. Ainda assim, Fran Navarro perdeu uma oportunidade de ouro e, aos 87 minutos, Pepe foi expulso por uma entrada ligeira, mas sem bola, sobre Jurásek, que o VAR não deixou passar em claro. Galeno ainda marcou um golo do outro mundo (90+2 m), mas o lance foi anulado por uma mão de Gonçalo Borges. Pouco depois, Conceição protestou uma falta, Luís Godinho mostrou-lhe, quase do centro do terreno, o vermelho e o treinador recusou-se a abandonar o relvado. Marcano andou de um lado para o outro a tentar resolver a teimosia, o árbitro lá acabou por se dirigir ao banco portista, com o técnico a sair, finalmente, enquanto batia no peito como que a dizer que a época ainda agora começou. Com polémica, claro.
Positivo
Magia de Di María abriu caminho ao êxito da águia, que muito deve ao gigantesco João Neves. No F. C. Porto, Eustaquio e Grujic fizeram esquecer Uribe.
Negativo
A tática inicial de Schmidt só não teve consequências porque Galeno e Taremi não tinham a mira afinada. A rábula Godinho-Conceição era mais que escusada.
Arbitragem
Bem nas análises técnicas, com a ajuda do VAR, Luís Godinho tentou controlar o jogo com amarelos, mas hesitou em dar os segundos a João Neves e Pepe.