O desporto em Portugal ainda tem muitos mais praticantes do sexo masculino do que do sexo feminino, concluiu o relatório elaborado pelo grupo de trabalho de Igualdade de Género no Desporto apresentado, esta terça-feira, na Alfândega do Porto. Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, presente na cerimónia onde também foram apontados caminhos para resolver esta discrepância, considera que a realização e apresentação deste estudo significa "colocar mais um degrau na longa escada da igualdade no desporto".
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No evento, onde estiveram presentes figuras importantes do desporto em Portugal, como João Paulo Correia, secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), José Manuel Neves, presidente da A. F. Porto ou Mónica Jorge, ex-jogadora e diretora da FPF, Ana Catarina Mendes considerou que ainda há um longo caminho a percorrer para obter a igualdade de género no Desporto e que é necessário que homens e mulheres trabalhem com o mesmo objetivo.
"A igualdade no Desporto ainda tem um longo caminho a percorrer. Com este estudo estamos a prestigiar e a dar um passo para atingir a igualdade no desporto, mas isso só se cumpre quando homens e mulheres estiverem juntos na mesma luta. Este estudo dá-nos instrumentos para promover a igualdade de oportunidades no Desporto e representa um marco histórico para o tema. O facto de haver aqui um painel de quatro mulheres a falar de Desporto representa um passo importante na maturidade da democracia", começou por dizer Ana Catarina Mendes, referindo-se também ao painel que antecedeu a sua intervenção, formado por Cláudia Lopes, jornalista, Sara Moreira, atleta de fundo, Sofia Teles, diretora de provas na A. F. Porto, e Paula Barros, treinadora de andebol, que partilharam experiências e a sua visão empírica do tema.
A ministra Adjunta e dos assuntos parlamentares referiu também a importância de fomentar a prática desportiva na população, nomeadamente entre o sexo feminino, salientando a ausência de mulheres em cargos diretivos, nas principais federações desportivas. "Temos uma população sedentária e temos de estimular as pessoas a praticar desporto, não só pela saúde. Nas dez maiores federações desportivas em Portugal, não há mulheres em altos cargos de dirigismo. Nas 60 maiores federações há três. Isto acontece por uma questão de educação e temos de fazer com que este paradigma se altere porque não há desporto feminino ou masculino, há desporto", concluiu Ana Catarina Mendes.
O estudo realizado pelo grupo de trabalho de igualdade de género no desporto revela que ainda há uma forte discrepância no que toca à presença de mulheres no Desporto, em Portugal, comparativamente ao número de homens praticantes. Um exemplo dessa disparidade é o facto de haver muito menos mulheres federadas em entidades desportivas, quando comparadas com o número de homens, o que também acontece no desporto Olímpico e Paraolímpico, onde a presença masculina representa o dobro da presença feminina.
Os objetivos traçados pelo grupo de trabalho de igualdade de género no desporto passam por robustecer o financiamento para promoção do desporto praticado por mulheres e fomentar a participação das mulheres nos órgãos sociais de desporto em Portugal, até 2029. Além disso existem outras metas, tais como a criação de oportunidades de desenvolvimento de competências na área da gestão desportiva, aumentar a participação de mulheres no treino desportivo, combater os estereótipos de género no desporto, garantir proporcionalidade na atribuição de compensações financeiras e proteger os direitos das praticantes de alto rendimento na gravidez.