A fragata "Alpino" da Marinha italiana, a acompanhar a Flotilha Global Sumud que pretende entregar ajuda em Gaza, ofereceu-se hoje para receber qualquer pessoa que deseje desembarcar, antes de chegarem a 150 milhas náuticas da costa.
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A última chamada e, por isso, a última oportunidade de embarque, será na noite de 1 de outubro, por volta da 1 hora local, quando a embarcação estiver a menos de 150 milhas náuticas da costa da Faixa de Gaza, anunciou o Estado-Maior da Defesa italiano.
Quando a fragata da Marinha italiana atingir uma distância de aproximadamente 180 milhas náuticas da costa de Gaza, emitirá um alerta oficial a todas as embarcações da Flotilha Global Sumud, alertando para essa última oportunidade, pois foi comunicado que este limite não será ultrapassado, para não colocar em risco a segurança das pessoas a bordo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, indicou que falou hoje com o homólogo israelita, Gideon Saar, para lhe pedir que não recorra à violência caso detenha os italianos a bordo da flotilha.
"Não estão ali com intenções bélicas, mas devemos evitar qualquer problema", disse Tajani.
Quando o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, informou os ativistas que seguem a bordo das embarcações da flotilha da proposta da fragata militar "Alpino" de desembarcarem antes de chegarem à chamada "zona crítica", a reação foi negativa.
"Sejamos claros: isto não é proteção, é sabotagem. É uma tentativa de desmoralizar e dividir uma missão pacífica e humanitária", indicou a Flotilha Global Sumund.
"Isto é cobardia disfarçada de diplomacia", sustentou.
"Vemos Israel a apoderar-se de águas internacionais e o nosso Governo a render-se e a dizer-nos que, no fundo, não pode fazer nada. Esta noite, Israel vai provavelmente atacar-nos, porque tudo indica que o fará, e o Governo [italiano] não consegue garantir a proteção dos seus cidadãos em águas internacionais por medo de retaliações israelitas", sublinhou Maria Elena Delia, porta-voz italiana da Flotilha Global Sumud, nas redes sociais.
E acrescentou: "Assim que algo acontecer a estes barcos, assim que perdermos o contacto com eles, assim que tivermos a certeza de que um ou mais deles (dos ativistas) foram detidos, feridos ou que já não conseguimos contactá-los, pedimo-vos, em nome de todos os que estão nestes barcos, que saiam para a rua, que ocupem as praças, que organizem protestos".
Aviões e navios de guerra israelitas preparam-se para intercetar a flotilha humanitária que se dirige para Gaza nas próximas horas e afundar alguns dos seus barcos, uma vez que é improvável que consigam rebocá-los a todos, noticiou hoje a rádio pública israelita Kan.
Segundo a Kan, Israel vai reunir os mais de 500 ativistas que viajam nos 40 barcos da flotilha nos seus navios de guerra e levá-los para a cidade portuária de Ashdod, no centro de Israel, onde serão interrogados e deportados, tal como em ocasiões anteriores.
"O facto de existirem cerca de 50 navios não permitirá que todos sejam rebocados, pelo que alguns serão afundados no mar", informou a Kan.
A rádio pública precisou que as autoridades israelitas estão a preparar-se para intercetar a flotilha nas próximas 24 horas, embora a proximidade dos navios da zona considerada "de risco" levante a possibilidade de serem detidos esta noite, segundo alguns dos ativistas a bordo dos barcos.
A chefe do Governo de direita e extrema-direita italiano, Giorgia Meloni, defendeu hoje que a flotilha humanitária com destino a Gaza deveria parar, para permitir um possível acordo entre as partes em conflito, que assenta num "equilíbrio frágil".
"O plano de paz para o Médio Oriente proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, oferece finalmente esperança de um acordo para pôr fim à guerra e ao sofrimento da população civil palestiniana e estabilizar a região", declarou Meloni, citada num comunicado.
"Tal esperança assenta num equilíbrio frágil que muitos ficariam felizes em destruir", comentou.
"Temo que a tentativa da flotilha de romper o bloqueio naval israelita [à Faixa de Gaza] possa servir de pretexto", acrescentou Meloni, que partilha visões ideológicas próximas das de Donald Trump.