Anselmi relembra experiência no F. C. Porto: "Fizemos um trabalho de sobrevivência"
Martín Anselmi, antigo treinador do F. C. Porto, falou sobre a experiência no F. C. Porto, da saída e da pausa na carreira.
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Martin Anselmi concedeu uma entrevista ao jornalista Juan Pablo Varsky, no videocast "Clank! Game", começando por referir como têm sido os últimos tempos.
"Voltei à Argentina quase sete anos depois e creio que necessitávamos, tanto eu como a minha equipa técnica, de um travão. Andámos sem parar um único dia por três continentes. Era preciso estar sem trabalhar para ver melhor este processo, para desconstruir muitas coisas, para que apareça alguma frescura e claridade. Sinceramente, já me sentia bastante esgotado. Não é o mesmo estar três anos no mesmo sítio do que ires adaptando-te. Sou uma pessoa que gosta de saber onde estou. Gosto de chegar e perceber o que estamos a representar, qual a cultura, o que ganhou o clube, o que querem os adeptos, como são as pessoas e a cidade", começou por explicar o técnico argentino.
"Agora faço o que há muito queria, quero desfrutar dos meus pais e que eles desfrutem dos netos, quero desfrutar dos meus amigos, poder ir jogar padel com eles e comer um assado, ter os fins de semana para mim, estudar inglês. Por um lado, é um momento espetacular", acrescentou.
No F. C. Porto analisa aquilo que encontrou e o trabalho que teve de ser implementando prontamente: "Em muito pouco tempo, fizemos demasiado. Chegámos a um clube enorme, como o F. C. Porto. Um clube com muito prestígio não só em Portugal, mas também na Europa. Chegámos a meio de uma época que estava a ser má, com uma presidência que tem muito desejo de mudar, de fazer coisas novas, de renovar. Não a cultura, porque é de uma essência espetacular, mas fazer as coisas de maneira diferente. Havia um plantel muito desfalcado e tínhamos de absorver toda essa pressão. Sentia que havia jogadores que necessitavam de alguém que absorvesse a pressão e que pudesse, de alguma forma, protegê-los. Durante cinco meses, de certa forma, fizemos um trabalho de sobrevivência".
Martín Anselmi relembra, ainda, o primeiro duelo, com proporções decisivas, e o efeito do mercado de inverno, que colmatou nas saídas de Galeno e Nico: "Chegámos e fomos logo à Sérvia jogar para a Liga Europa e, se empatássemos, ficávamos de fora. Ganhámos 1-0 com um golo do Nico González, que no fim de semana seguinte estava no City. Nesse mesmo dia, o Galeno foi vendido para a Arábia, então já não pudemos cobrir, talvez, os dois jogadores mais importantes do plantel. Não nos conseguimos reorganizar porque o mercado estava fechado. A partir daí, competir com o que tínhamos exigiu muito de mim, a nível pessoal. Sem dúvida que é bom ter agora alguma distância, porque quando te afastas, começas a ver o processo de outra forma", considerou.