Herói da Arábia Saudita frente à Argentina jogou no Beira-Mar, onde se fazia notar pela boa disposição.
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Mais ou menos dez anos depois de lhe ter perdido o rasto, Rui Sampaio foi dar com Saleh Al-Shehri, talvez, no sítio mais imprevisto: um jogo do Mundial. "Nem sabia que ele estava convocado. Surpreendeu-me vê-lo ali", confirma, ao JN, o médio que, em 2012, ainda nos tempos áureos do Beira-Mar, partilhou o balneário com um dos novos heróis sauditas. Uma década mais tarde, as voltas da vida reencontram Rui Sampaio com a mesma camisola vestida, depois de passagens por Itália e França, enquanto "o Saleh" estava ali, no maior palco futebolístico e a ofuscar Messi e companhia.
Saleh Al-Shehri, 29 anos, passou praticamente toda a vida na Arábia Saudita. A exceção foram uns meses vividos em Portugal, onde entrou pela porta do Mafra, na altura no terceiro escalão. Seguiu-se a Liga e o Beira-Mar. Tinha acabado de fazer 19 anos. "Foi há muito tempo e só estivemos cinco meses juntos. Do que me recordo melhor é a boa integração que teve, apesar de vir de uma cultura muito diferente. Não era acanhado, era engraçado e queria estar sempre com o grupo, apesar da barreira linguística.
Não era fechado, estava sempre bem disposto", recorda Rui Sampaio. Pelo Beira-Mar marcou dois golos, o primeiro logo no jogo de estreia, ao Moreirense. "Era rápido e utilizava bem a velocidade". Exatamente como fez ontem, para desespero das ilusões argentinas.
A vitória sobre Messi e companhia ficou garantida com outro golo, de Al-Dawsari, e o feito foi tão extraordinário e histórico que hoje ninguém trabalha na Arábia Saudita. O príncipe Mohammed bin Salman sugeriu e o Rei Salman aceitou decretar feriado. O dia é para festejar.