País onde Cristiano Ronaldo e a família viverão nos próximos anos conheceu alguns avanços, mas as restrições e as regras apertadas para o sexo feminino ainda são muitas. Pena de morte dita leis.
Corpo do artigo
Considerado um dos países mais conservadores e misógino do Mundo, a Arábia Saudita tem dado, nos últimos anos, pequenos passos no sentido de se ocidentalizar mais, modernizar-se e amenizar algumas das muitas restrições que, ao longo do tempo, ditaram o dia-a-dia do país, principalmente no que diz respeito às mulheres, ao tratamento e à consideração a que estão sujeitas.
Até 2019, por exemplo, não estavam autorizadas a obter passaporte ou a viajar para fora do país sem a autorização de uma figura masculina, mas atualmente as mulheres com mais de 21 anos já o podem fazer. Para além disso, também têm permissão para registar o nascimento de filhos, a morte de um familiar, o casamento ou o divórcio, algo que não acontecia até 2019, ano em que também passaram a ter autorização para conduzir. Também já podem frequentar eventos desportivos ou culturais e em 2018 foi possível ver pela primeira vez mulheres a assistir a um jogo de futebol.
As organizações internacionais congratularam-se com as medidas, mas quase todas são unânimes em considerá-las insuficientes, reafirmando a convicção de que as mulheres continuam muito abaixo dos homens na sociedade saudita. Em uso mantêm-se as leis que obrigam as mulheres a pedir autorização a um homem para casar e viver sozinhas, ou para abrir uma conta bancária; continuam a poder ser detidas e presas se desobedecerem ao guardião e mantém-se a proibição de avançarem com uma ação judicial por conta própria, o que, de acordo com muitos ativistas, dificulta a denúncia de casos de violência doméstica.
Por outro lado, são aconselhadas a vestirem-se modestamente, com roupas largas e pouco vistosas, e sempre com o longo e escuro manto de abaya e um lenço de cabeça. Se a polícia religiosa entender que usam roupas que não estão de acordo com as regras, podem ser detidas.
Georgina tem vida facilitada
No entanto, a vida de Georgina Rodríguez, companheira de Cristiano Ronaldo, estará muito mais facilitada. É que quase todas estas restrições não se aplicam dentro dos condomínios fechados, que é onde a família do jogador português deverá passar a maior parte dos dias. Aí, existem escolas, centros comerciais, clínicas, hospitais, ginásios, restaurantes, etc. Ou seja, não precisam de sair desses muros para nada nem se misturar com a sociedade e os costumes sauditas. Nesses condomínios, até o consumo de bebidas alcoólicas é permitido, ao contrário do que sucede no resto do país.
A vontade da Arábia Saudita em abrir-se e tornar-se mais apelativa aos estrangeiros é tanta que este ano até foi possível comercializar produtos relacionados com o Natal, época festiva que não faz parte do Islão.
Ainda assim, Georgina Rodríguez, Cristiano Ronaldo e respetivos familiares a viver no berço do Islamismo são aconselhados pelo Portal das Comunidades Portuguesas "manter um perfil discreto", a "ajustarem o comportamento às circunstâncias" e a respeitar "escrupulosamente os costumes e usos locais". Sempre que sair do condomínio de luxo, Georgina deve vestir-se de maneira a tapar os ombros e os joelhos. Noutro sentido, os estrangeiros devem abster-se de fumar, beber e comer em público durante o Ramadão. O site "Expat Arrivals" sublinha que "muitas das liberdades a que as mulheres estrangeiras estão habituadas são muito limitadas" na Arábia Saudita.
Pena de morte e decapitação
O sistema legal e judicial do país, baseado na sharia, lei islâmica que tem como base os ensinamentos do Alcorão, é outro dos pontos que mais críticas merece dos países ocidentais e das organizações que lutam pelos direitos humanos, muito por culpa de manter em vigor a pena de morte, à qual recorre para punir crimes como homicídio, terrorismo, contrabando de armas, tráfico de drogas ou roubo.
A juntar a isso, os métodos são medievais, como a decapitação em praça pública, levada a cabo por um carrasco que usa uma espada especial para o efeito.
Estima-se que nos últimos anos foram executadas centenas de pessoas e em março deste ano foi notícia a execução de 81 pessoas no mesmo dia. De acordo com um relatório dos serviços secretos dos Estados Unidos, o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, aprovou o assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.
