Árbitro suspenso por polémicas assume homossexualidade e queixa-se de discriminação
David Coote, árbitro inglês, foi demitido recentemente por uma série de polémicas, nas quais se destaca os insultos a Klopp e o consumo de cocaína. Recentemente, ao "The Sun" falou sobre um período conturbado e revelou, ainda, ser homossexual.
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O caso remonta a novembro de 2024, quando deflagrou um escândalo em pleno futebol inglês. David Coote, reputado árbitro inglês, surgiu num vídeo a insultar Jurgen Klopp e o Liverpool. De imediato, o juiz foi demitido pela PGMOL, associação responsável pela arbitragem em Inglaterra. No entanto, as polémicas não ficariam por aqui. Pouco depois, circulou um vídeo no qual é visto a inalar cocaína, este último um dia após o duelo entre Portugal e França, em pleno Europeu, valendo uma investigação da UEFA por "potencial violação do regulamento disciplinar" do organismo.
Passado um período bastante agitado, David Coote concedeu a primeira entrevista na qual, ao falar sobre estes episódios trágicos, e fez uma revelação.
"Sempre tive problemas com a minha autoestima e isso está relacionado com a minha sexualidade. Sou homossexual e tive dificuldades em sentir orgulho em mim durante muito tempo. Durante a minha carreira de árbitro fui alvo de abusos muito desagradáveis e acrescentar isso à minha sexualidade teria sido ainda mais difícil. Há muito a fazer no futebol e na sociedade em geral no que diz respeito à discriminação", referiu ao "The Sun", jornal inglês.
O árbitro inglês pediu, ainda, desculpas pelo vídeo sobre Klopp, afirmando que "não estava sóbrio". Quanto ao vídeo que circulou a snifar "pó branco", confessou que era cocaína e falou sobre o problema.
"As exigências físicas e psicológicas impostas aos árbitros são muito significativas. Eu não me reconheço naquele vídeo da cocaína. Não consigo compreender como me sentia na altura, mas sou eu que aparece. Eu estava a ter dificuldades em lidar com o calendário, não havia oportunidades para parar, e encontrei-me naquela posição, a escapar disso”, revelou, garantindo ter ultrapassado este problema com terapia.
"Este foi um dos períodos mais difíceis da minha vida. Assumo toda a responsabilidade pelos meus atos, que ficaram muito aquém do que se esperava de mim. Peço imensa desculpa por qualquer ofensa causada pelas minhas ações e pelo destaque negativo que deram ao jogo que adoro. Espero que as pessoas compreendam que se trata de momentos privados, tirados numa altura muito difícil da minha vida. Não refletem quem eu sou hoje ou o que penso", garantiu numa entrevista em que também falou sobre a elevada pressão, após a morte da progenitora e do excesso números de jogos que acompanhou.
"Em 2023, perdi a minha mãe de forma súbita. Depois do Covid e da introdução do VAR passaram a ser necessários seis árbitros por jogo. Fui convocado pela FIFA para o Campeonato do Mundo de sub-17 na Indonésia, bem como para o Europeu e para os Jogos Olímpicos do ano passado. Isso significou que, ao longo da temporada 2023/24, estivesse envolvido em mais de 90 jogos, muitas vezes consecutivos. No final da época passada, fui diretamente para o Euro 2024 e foi uma pressão incrível para mim. Tinha outro imediatamente a seguir, indo para Paris para os Jogos Olímpicos", mencionou David Coote.
Por fim, deixou uma mensagem para as pessoas que atravessam problemas semelhantes. " Diria para procurarem ajuda e falarem com alguém porque se guardarmos tudo para nós, como eu fiz, um dia essas coisas todas acabarão por sair de alguma forma", atirou.