Pedro Pichardo, no triplo salto, e Auriol Dongmo, no lançamento de peso são candidatos ao ouro. Mundiais nos Estados Unidos decorrem até dia 24.
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É o momento que todos os atletas esperam e Portugal tem argumentos para poder transformar os múltiplos sonhos em realidade. Os Mundiais de atletismo arrancaram, ontem, na Califórnia, com Pedro Pablo Pichardo e Auriol Dongmo como porta-estandartes de uma comitiva lusa que ambiciona a conquista de várias medalhas.
Depois de uma preparação meticulosa, com vista a anular as oito horas da sempre complicada diferença horária entre continente europeu e americano, os 23 representantes portugueses - mais dos que estiveram em Doha, há três anos, mas longe dos 30 que brilharam em Atenas97 - têm agora a oportunidade de colocar em prática as infinitas horas de treino que estão sujeitos ao longo do ano.
Entre as maiores promessas de ouro está, como não seria de esperar outra coisa, Pedro Pablo Pichardo. O campeão olímpico e vencedor da Liga Diamante (2021) ocupa a liderança do ranking de triplo salto e vive um dos melhores momentos da carreira. Além disso, os astros parecem alinhar-se a seu favor: terá pela frente um Christian Taylor (campeão em título) ainda em recuperação após fratura no ano transato, e não contará com o seu maior opositor, o espanhol de origem cubana Jordan Diaz, que está em ano de transição entre seleções.
Já Auriol Dongmo, campeã do mundo em pista coberta, quer reservar para si o mesmo estatuto, mas na competição disputada ao ar livre. Mesmo existindo as habituais interrogações dos desportos individuais - atletas só dependem de si e um dia mau pode ser o fim de tudo - Dongmo conta com a motivação de ter do seu lado o segundo melhor lançamento do ano para apontar ao pódio e enfrentar a dura oposição das atletas americanas e chinesas.
Mas as pretensões de medalhas não ficam por aqui. Também em lugares de top-10 estão Patrícia Mamona no triplo salto (medalha de prata nos Jogos Olímpicos) e Liliana Cá no lançamento do disco. Tiago Pereira (triplo salto), Leandro Ramos (lançamento do dardo), Jessica Inchude (lançamento do peso) e Evelise Veiga (salto em comprimento) podem ambicionar por lugares nas finais.
Entre recordes e medalhas, o Mundial vai fazer a delícia dos fãs até dia 24 de julho.
Razia rara e uma ausência inédita
Ao contrário de outros anos de ouro, a comitiva portuguesa vai apresentar-se, pela primeira vez, sem nenhum maratonista e com uma rara razia de meio-fundo (apenas três atletas). Para Fernanda Ribeiro, campeã olímpica em Atlanta 1996, "a ambição individual é pouca" com a nova geração a "contentar-se com pouco". A (ainda) recordista nacional dos 5 e 10 mil metros salienta que não "acredita que a quebra seja por falta de apoio".
23 atletas em ação
20km marcha: Ana Cabecinha (CO Pechão), Carolina Costa (Sporting) e Inês Henriques (CN Rio Maior)
Peso: Auriol Dongmo (Sporting), Jessica Inchude (Sporting), Tsanko Arnaudov (Benfica)
1.500 m: Marta Pen (individual), Isaac Nader (Benfica)
Triplo: Patrícia Mamona (Sporting)
100 m: Lorene Bazolo (Sporting)
400 m: Cátia Azevedo (Sporting)
Disco: Irina Rodrigues (Sporting), Liliana Cá (individual)
200 m: Lorene Bazolo (Sporting)
400 bar: Vera Barbosa (Sporting)
5.000 m: Mariana Machado (Braga)
Dardo: Leandro Ramos (Benfica)
Triplo: Pedro Pichardo (Benfica), Tiago Pereira (Sporting)
35km marcha: Inês Henriques (CN Rio Maior), Sandra Silva (AC Póvoa Varzim), Vitória Oliveira (Braga), João Vieira (Sporting), Rui Coelho (Benfica)
Comprimento: Evelise Veiga (Sporting)