Enquanto presidente da União de Leiria, João Bartolomeu tentou ficar com dinheiro da venda de um futebolista para França que cabia ao F. C. Porto. O ex-dirigente está a ser executado, mas não tem bens em seu nome.
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O empresário agora indiciado por burlas na sua atividade profissional - detido há dias pela PJ de Leiria e libertado sob caução de 70 mil euros - quis esconder o valor pelo qual a União de Leiria vendeu o brasileiro Marcos Santos ao Auxerre, de França, em 2006, não cumprindo um contrato com o clube de Pinto da Costa.
Nunca informou nem respondeu ao F. C. Porto, com quem assinara acordo sobre os direitos desportivos do atleta. Mas, através da Académica de Coimbra, os azuis-e-brancos descobriram o valor: 1,5 milhões de euros.
Com direito a metade desta verba, o F. C. Porto teve de interpor em tribunal uma ação. O processo terminou com um acordo em que a U. Leiria se confessava devedora de 644 mil euros à SAD portista. Como garantia de pagamento, foi apresentada uma letra de câmbio da qual João Bartolomeu aceitou ser avalista, em nome pessoal.
Ou seja, também estava obrigado ao pagamento, compensando a insuficiência de património da SAD de Leiria.
Porém, na data acordada (março de 2010), a U. Leiria não pagou e o F. C. Porto teve de correr novamente a tribunal para executar a letra, colocando como réus a SAD (hoje em processo de revitalização) e o dirigente.
Foi neste contexto que tentou colocar os portistas sob suspeita de conduta ilícita. Omitindo por completo o acordo anterior (até validado por juiz), Bartolomeu alegou em tribunal que a letra seria apenas um documento de "garantia" em relação a um negócio envolvendo os jogadores Marcos Santos e João Paulo Andrade; que a parte do valor tinha ficado "em branco" e que foi "abusivamente" preenchida pelo F. C. Porto. Com juros, o valor reclamado ascende a 650 mil euros.
No processo em que foi detido o agora ex-dirigente, estão em causa crimes de burla e falsificação envolvendo também letras de câmbio. Os lesados, empresários da região, reclamam mais de um milhão de euros.
Até ao momento, o F. C. Porto ainda nada conseguiu penhorar da parte da U. Leiria. Nem de João Bartolomeu, que enfrenta processo de insolvência por dívidas superiores a 20 milhões de euros. No seu nome pessoal nada tem de relevante.
O agente de execução está a tentar penhorar eventuais quotas das sociedades "Martelis" e "B - Investimentos", cuja propriedade o empresário não declarou às Finanças. Mas pelo menos uma das empresas é conhecida por deter passes de jogadores.